Título: Cristina é vista como mais amigável aos mercados
Autor: Rocha, Janes
Fonte: Valor Econômico, 02/07/2007, Internacional, p. A11

Advogada formada pela Universidade Nacional de La Plata, Cristina Fernández de Kirchner tem 54 anos, dois filhos e uma carreira política que começou na faculdade, nos anos 70. Natural de La Plata, cidade a 60 km de Buenos Aires, começou na política com a participação no movimento da Juventude Peronista na capital da Província de Buenos Aires. Mas obteve cargos e projeção nacional a partir da Província de Santa Cruz, para onde se mudou em 1976.

Néstor e Cristina se conheceram e começaram a namorar nos anos 70, quando ambos participavam do movimento estudantil. Em 1976, se mudaram, já casados, para Santa Cruz, onde Cristina foi deputada provincial por três mandatos (1989, 93 e 95), deputada nacional (1997 a 2001) e senadora.

Na verdade, ela está em campanha para presidir a Argentina desde o ano passado. Mas é uma campanha sutil, não declarada, em que o foco tem sido conquistar apoio e reconhecimento internacionais. Enquanto o presidente Kirchner pouco sai do país para fazer política externa, Cristina o substitui, viajando a vários países para se encontrar com presidentes, premiês e líderes mundiais de todos os matizes, da direita à esquerda.

"Cristina é mais qualificada, menos agressiva", definiu o analista Sergio Berensztein, coordenador do mestrado em Ciência Política da Universidade Torcuato di Tella, em uma entrevista ao Valor. Ele comentava o fato de a senadora ter sido apontada como mais "amigável" ao mercado do que o marido, em uma pesquisa informal feita pelo jornal "El Cronista" junto a operadores do mercado financeiro. Para Berensztein, a estratégia de Cristina com as viagens internacionais é "estabelecer uma figura prestigiada, distanciada da maioria dos políticos medíocres". Segundo ele, as constantes viagens ao exterior fazem parte de uma atuação para "mostrar uma proximidade com líderes mundiais, que permite fazer brilhar seus atributos, longe dos problemas que enfrenta seu marido". Kirchner, por sua vez, "separa a esposa do desgaste da gestão". (JR)