Título: Câmbio aumenta saldo da dívida em quase R$ 10 bilhões em maio
Autor: Izaguirre, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 28/06/2007, Brasil, p. A2

A queda do dólar norte-americano em relação ao real provocou, só em maio, um impacto negativo de, no mínimo, R$ 9,7 bilhões no saldo da dívida líquida consolidada do setor público. Isso é mais da metade de toda a variação registrada no mês, que foi de R$ 17,19 bilhões. Com isso, a dívida fechou maio em R$ 1,096 trilhão, o equivalente a 44,7% do Produto Interno Bruto estimado pelo Banco Central, em valores corrigidos, para um período de 12 meses.

No fim de abril, essa relação era de 44,2%. Comparativamente a 31 de março, porém, quando estava em 44,8%, a dívida ainda está menor como proporção do PIB. "Março foi um ponto fora da curva. O que temos visto, nos últimos meses, é uma estabilidade relativa", disse Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do Banco Central, lembrando que, por fatores sazonais, houve superávit nas contas públicas inclusive no conceito nominal, que é o que engloba gastos com juros da dívida.

Uma parte do impacto cambial sobre a dívida pública refere-se a essa conta de juros, que, liquidamente, ou seja, descontados juros recebidos, foi de R$ 16,74 bilhões em maio, ante R$ 12,28 bilhões em abril.

Desse total, R$ 2,1 bilhões são conseqüência da perda que o Banco Central teve, no mês de maio, com os contratos de swap reverso, que são uma espécie de seguro que a autoridade monetária vende ao mercado financeiro contra a queda do dólar. Apesar de não ser exatamente juro, esse gasto é computado na conta de juros nominais do setor público.

Os R$ 7,6 bilhões restantes do impacto mínimo calculado referem-se à queda, em reais, de ativos mantidos em dólar pelo setor público, a exemplo das reservas cambiais do Banco Central. Essa parte não entra na conta de juros só no saldo da dívida, como ajuste patrimonial.

Se fossem considerados apenas ativos e passivos externos, o impacto seria de R$ 8,3 bilhões. Mas fica menor quando se considera um pequeno ganho referente à dívida líquida interna, onde o peso dos passivos em moeda estrangeira ainda é maior que o dos ativos, se desconsiderados contratos de swap.

Lopes não sabe precisar o valor, mas garante que o impacto total em maio é superior a R$ 9,7 bilhões porque não está nessa conta, por exemplo, o que o setor público perde com os empréstimos do Fundo de Amparo ao Trabalhador vinculados à variação cambial. (MI)