Título: Para empresários, Brasil deveria vender mais a chineses
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 13/07/2007, Brasil, p. A2

Um grupo de empresas brasileiras está tentando sensibilizar o governo de que a China pode representar oportunidades de negócios para a indústria e não apenas um competidor feroz nos mercados interno e externo. "É óbvio que temos muito o que explorar no mercado chinês", disse o presidente do Conselho Empresarial Brasil - China (CEBC), Ernesto Heinzelmann.

O empresário se reuniu ontem, em Brasília, com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e com o vice presidente da República, José Alencar. O CEBC representa grandes empresas com negócios na China como Vale do Rio Doce, Embraer, Gerdau, Embraer, Embraco, entre outras.

Heinzelmann, que também preside a Embraco, afirmou que o conselho não é contra a adoção de medidas de defesa comercial contra a China, que são solicitadas por diversos segmentos da indústria. "Se o país sofre uma competição desleal, é justo utilizar esse mecanismos", diz.

Ele pondera, no entanto, que as medidas antidumping ou de salvaguardas defendem apenas o mercado interno e não evitam que o Brasil perca espaço na exportação para outros países. "Para enfrentar isso, só avançando nas reformas trabalhista e tributária", disse o empresário.

O Brasil representa menos de 1% dos US$ 800 bilhões de importações da China e, mesmo esse pequeno percentual, está concentrado em commodities. Em 2006, os manufaturados representaram apenas 10% dos US$ 8,4 bilhões exportados pelo Brasil para a China. Nas vendas externas totais do país para o mundo, a participação dos produtos manufaturados é de 54%.

Na avaliação do Conselho Brasil - China, o país poderia incrementar as vendas para o país asiático em diversas áreas. Heinzelmann cita alguns exemplos: tecnologia da informação (serviços bancários), alimentos (carne suína), etanol e máquinas.

Na conversa com Miguel Jorge, o empresário também reclamou da valorização do real, que está prejudicando os exportadores, mas não ouviu promessas do ministro. "É claro que não é ele que cuida dessa área", disse.

Em setembro, as empresas brasileiras devem participar de alguns eventos na cidade chinesa de Xiamen, como a feira internacional de investimentos e o encontro do Fórum Econômico Mundial de novos campeões. "Ainda há um desconhecimento mútuo muito grande entre os dois países", diz Heinzelmann.