Título: Intervenção de Lula vence resistência do Ibama
Autor: Leo, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 10/07/2007, Brasil, p. A6

Foi necessária a intervenção direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para vencer a resistência do Ibama à concessão de licença prévia para construção das usinas no rio Madeira. A licença prévia saiu ontem, pouco mais de um ano e sete meses após o pedido de licenciamento. Mas nada indica que tenha acabado a queda-de-braço entre os partidários da construção das usinas e ambientalistas do governo relutantes em relação à obra.

O anúncio da licença foi comemorado no Palácio do Planalto e no Ministério de Minas e Energia, como uma confirmação de que o Ibama não tinha restrições sólidas ao projeto, e sim "inseguranças" que levavam seus técnicos a protelarem a decisão. No Planalto e no ministério, espera-se agora que o licenciamento final das obras saia até o fim do ano.

Defensores das usinas no governo acusaram o Ibama de fazer "chicana", nos últimos meses, protelando a decisão sobre a licença com argumentos burocráticos, sem trazer soluções para os temas discutidos nas reuniões interministeriais. Por ordem de Lula, realizou-se, então, no Palácio do Planalto, presidida pelo próprio presidente da República, uma reunião com especialistas, que apresentaram a todos os membros do governo, inclusive à direção do Ibama e à ministra do Meio Ambiente, Marina da Silva, possíveis soluções para os problemas apontados pelos ambientalistas.

Na reunião, segundo um dos participantes, partidário das obras, teria ficado clara a falta de argumentos definitivos por parte do Ibama capazes de justificar o veto às usinas. Foram apresentadas alternativas para contornar os problemas apresentados, como a deposição de sedimentos (capaz de provocar enchentes rio acima, e até afetar território boliviano, segundo temem alguns técnicos do Ibama) e o risco à sobrevivência de espécies de bagres, peixes que garantem o sustento de comunidades ribeirinhas.