Título: Chinaglia insiste em votar fidelidade partidária
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 10/07/2007, Política, p. A8

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), vai se empenhar pessoalmente para votar a exigência de fidelidade partidária por parte dos políticos eleitos. Em reunião com os líderes da Câmara a ser realizada hoje, Chinaglia avisará aos deputados que manterá a reforma política em pauta e exigirá manifestações em plenário dos partidos que desejam enterrar a reforma, na qual a fidelidade partidária é um dos pontos mais importantes e menos polêmicos.

"Vou dizer a eles: ´Moçada, vamos ao plenário´", disse Chinaglia, ontem, ao Valor, ao antecipar o que fará se for pressionado para retirar a reforma da pauta - como querem líderes da base aliada que consideram a reforma fracassada. Ele reiterou otimismo. "Não dou a reforma como acabada; umas das questões fundamentais é a fidelidade partidária e vamos votá-la", afirmou.

O regimento interno da Câmara ajudará Chinaglia a fazer com que os líderes se manifestem em relação à reforma, nas sessões de hoje e amanhã. Como o texto relatado pelo deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) está no meio do processo de votação, só pode ser interrompida por um requerimento para tirá-lo de pauta apresentado dentro do plenário, com o apoio dos líderes.

Para Chinaglia, o ponto central da reforma era o financiamento público de campanha. "Era o essencial, e, para mim, continua sendo", diz o presidente da Câmara. "O Congresso será fortalecido se deixarmos o deixarmos mais independente do poder econômico."

Ele lamenta que o Congresso tenha derrubado a proposta de eleição por lista fechada de candidatos às eleições para deputado e vereador. Essa medida era considerada fundamental para sustentar a tese do financiamento público .

Para a derrota da proposta de lista fechada foi "fundamental" a posição contrária defendida fortemente pelos partidos médios. PP, PDT, PTB, PSB e PR, avalia Chinaglia. Os cinco partidos, juntos, contam com 158 deputados. O segundo ponto essencial para o fracasso da tese da lista fechada - e o conseqüente descarte do financiamento público exclusivo de campanha - foi o receio dos deputados, temerosos pela reeleição. A lista fechada seria elaborada pelas direções partidárias. "São os mandatos que estão em jogo, disputas internas dos partidos", afirmou.

Sem citar nenhuma sigla - "não vou nominar" -, Chinaglia também atribui à mudança de posicionamento "de alguns partidos" a dificuldade de aprovar o texto de Caiado. Durante o debate da reforma, depois de analisar que a lista fechada favoreceria PT e PMDB, por serem siglas de maior apelo na população, o PSDB mudou de lado.

Chinaglia também critica a imprensa pela dificuldade da reforma. "Alguns articulistas já decretaram a morte da reforma antes de ela ser votada; falaram com Deus e anteciparam o resultado", ironizou. Para ele, a imprensa não tratou como deveria a questão do financiamento público. "Ruim seria se a Câmara não enfrentasse o tema", disse. "Nós pautamos a sociedade, que discutiu o assunto; e as disputas da reforma política vivificaram o plenário da Casa."

Chinaglia quer votar no segundo semestre alterações na Constituição que fazem parte da reforma política. O presidente da Câmara não adianta quais pontos poderão ser analisados, mas alguns partidos, como o PT, apóiam o debate sobre o fim da reeleição e a extinção do cargo de suplente de senador. "Não sei o que vamos votar, mas quero enfrentar as questões constitucionais", afirmou.