Título: Mercado de petróleo terá aperto após 2010, diz AIE
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 10/07/2007, Internacional, p. A11

O mercado de petróleo deve passar por um aperto adicional a partir de 2010, quando a capacidade de produção excedente cairá a níveis mínimos e a demanda seguirá em alta nos países emergentes, alertou a Agencia Internacional de Energia (AIE). Isso deve pressionar ainda mais os preços.

A tensão nos mercados internacionais de petróleo já levou o barril a preços recordes nos últimos quatro anos, e analistas não excluem que o cenário se repita até 2012, com o risco de afetar o crescimento econômico global.

Em seu relatório sobre o petróleo no médio prazo, a AIE, que defende interesses energéticos de 26 países industrializados, afirmou ontem que essa tensão vai coincidir com tendências idênticas em outras áreas do mercado energético, principalmente o gás natural.

Um indicador importante para a previsão sobre o petróleo é a redução da capacidade de produção excedente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Esse excedente atua como "colchão de segurança" em caso de problema num país produtor.

A capacidade de produção não utilizada deve crescer até 2009, mas depois diminui até 2012. A AIE baixa em 2 milhões de barris por dia a sua previsão para os próximos dois anos, e em quase 2,2 milhões de barris/dia até 2012.

Ao mesmo tempo, a AIE revê para cima sua previsão da demanda mundial de petróleo. Calcula uma alta de 2,2% por ano, de dois milhões de barris diários, para atingir 95,8 milhões barris/dia dentro de cinco anos.

A demanda continuará sendo estimulada por países não membros da Organização de Cooperação e Desenvolvimento econômico (OCDE, grupo de países ricos). A necessidade de petróleo aumentará até três vezes mais rápido que a dos industrializados.

A demanda de óleo da China aumenta em torno de 5% ao ano, passando de 7,2 milhões de barris/dia para 10 milhões barris/dia dentro de cinco anos. O consumo é maior do que o de toda a América Latina. A demanda nessa região deve aumentar 2,3% em media, chegando a 6,2 milhões em 2012, largamente dominada pelo Brasil, com 42,3% da demanda da região. Atualmente, a demanda de por petróleo por parte do Brasil é de 2,25 milhões de barris/dia, e a expectativa é que cresça para 2,6 milhões de barris/dia.

A AIE destaca que as incertezas na oferta global continuam ligadas à fraca capacidade de construção, exploração, atraso em projetos, tudo exacerbado por nacionalização da produção petrolífera em alguns países, além de tensões geopolíticas. Nesse cenário, a AIE não conta com expansão de produção na Venezuela, no Irã, no Iraque e na Nigéria. Mais da metade do aumento da produção do cartel do petróleo virá da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Angola, que é novo membro da Opep.

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