Título: Riscos ainda existem, alertam analistas
Autor: Camba, Daniele e Pavini, Angelo
Fonte: Valor Econômico, 10/07/2007, EU & Investimentos, p. D1

São poucas as casas de análise que ousam destoar do coro de otimismo que toma conta do mercado. Entre as dissidentes, está a Fator Corretora, que mantém sua projeção de 51 mil pontos para o Ibovespa. Em relatório, a analista chefe Lika Takahashi responde aos que acham que ela deveria rever o número: "Considerando as incertezas do quadro externo no segundo semestre e a alta tolerância ao risco, não nos sentimos confortáveis em aumentar nossa aposta".

Lika lista os motivos para manter a projeção. O primeiro, a tendência global de aumento dos juros, que deve implicar em menor entusiasmo por ações. O segundo, preocupações sobre os desequilíbrios da economia americana - como o enfraquecimento do mercado imobiliário e as conseqüências sobre o consumo - e os problemas com os empréstimos hipotecários de risco ("subprimes"). Lika lembra que a alta recente das bolsas está mais ligada a eventos, como fusões e aquisições, do que a fundamentos. E que há uma tolerância excessiva ao risco em função da liquidez abundante. Ela alerta para a alta do petróleo e para um eventual aumento do protecionismo americano em relação à China, afetando as commodities.

Lika diz que acertou o Ibovespa nos últimos três anos e que, se fosse revisar a projeção, com base nos juros do mercado, seria para 56 mil pontos. Mas que não vai mudar. "Mesmo se estiver errada, (...) sou mais útil para o investidor do que sendo mais uma otimista, (...) sem ter o convencimento disto".

O sócio da Avanti Gestão de Recursos Alexandre Espírito Santo também está entre os poucos profissionais que se diz preocupado com tanta euforia. Ele acredita que a escalada na taxa dos títulos de 10 anos do Tesouro americano é uma luz amarela importante que o mercado está fazendo questão de ignorar. (AP e DC )