Título: OCDE melhora a avaliação de risco do Brasil
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 16/07/2007, Finanças, p. C2

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) melhorou de novo a avaliação de risco de emprestar ao Brasil, o que favorece investimentos produtivos no país. De imediato, o financiamento fica mais barato para as importações de máquinas e equipamentos com seguro ou empréstimo direto das agencias governamentais.

A OCDE classifica o risco de crédito numa escala de " 0 " (menor risco) a " 7 " (maior). A nota do Brasil passou de ''4'' para ''3'' desde o final de junho, um ano depois de já ter sido melhorada. O país obtém seu melhor ranking desde que a entidade começou a divulgá-lo, em 1999.

Com a nova nota, a Agência Suíça Contra Riscos à Exportação (Serv), por exemplo, está reduzindo o prêmio de risco de 3,425% para 2,36%, uma queda de 31%, nas operações com prazo de cinco anos para o setor público e para as melhores empresas privadas brasileiras. Essa taxa representa de 80% a 90% do custo total do financiamento, segundo analistas.

A metodologia da OCDE mede a probabilidade de um país assegurar o serviço de sua dívida externa. Para isso, utiliza modelo econométrico baseado em indicadores como a situação financeira e econômica, experiência do país em matéria de pagamentos e fatores políticos.

As modalidades detalhadas do modelo de avaliação são confidenciais e a OCDE não as publica. A classificação é feita por consenso num grupo de especialistas em risco-país, representando as agências de crédito à exportação dos países participantes.

Especialista da própria OCDE dizia no ano passado que quando o Brasil estava classificado no ranking 5 a avaliação era de que "podia pagar" os compromissos externos. No ranking 4, quer dizer que "pode e vai pagar". E que uma melhora de 4 para 3 mostraria que a situação econômica de um país é "realmente boa".

No ano passado, a melhoria na nota tinha sido atribuída ao pagamento antecipado da dívida junto ao Clube de Paris, a entidade que congrega os principais governos credores. Hoje o país tem quase US$ 150 bilhões de reservas internacionais.

Diferente do Brasil, a Argentina tem o maior risco de crédito, de ''7'' ainda como resultado do ''default'', e a Venezuela tem ''6'' refletindo as incertezas políticas trazidas por Hugo Chavez.

Na reclassificação, o Panamá ficou no mesmo ranking do Brasil. Também tiveram nota melhor o Uruguai, Antígua e Barbuda, Honduras e Uganda. Já o risco de crédito do Irã piorou, refletindo as tensões com os países industrializados sobre produção nuclear. A classificação é usada como base, porque outros elementos são adicionados por cada agência para calcular o premio de risco.

O risco-Brasil, medido pela OCDE, é agora é semelhante ao da Rússia, Índia, África do Sul, Bahamas, Argélia, Hungria, Marrocos, Tunísia e Panamá. Países com classificação melhor, ''2'', incluem China, Chile, Polônia, Malásia e Trinidad e Tobago.