Título: Câmeras ajudam a reduzir crimes
Autor: Moreira, Ivana
Fonte: Valor Econômico, 12/07/2007, Brasil, p. A6

O prefeito Carlaile Pedrosa vai pagar R$ 1,5 milhão por ano pelo sistema eletrônico com 20 câmeras de vídeo instalado na semana passada para monitorar a segurança na sua cidade, Betim. Comuns em empresas e em condomínios de luxos, os sofisticados sistemas de vigilância eletrônica chegaram às cidades mineiras - na capital e em outros municípios de médio e pequeno porte - como ferramenta de combate à criminalidade. Seis cidades do Estado já adotaram o modelo, com consultoria da Secretaria de Defesa Social do Estado e relatam redução entre 40% e 50% em índices de criminalidade, como ocorrência de roubos, assaltos e homicídios nas áreas monitoradas pelos equipamentos.

O primeiro município mineiro a instalar o sistema foi Belo Horizonte, há três anos. Outras cinco seguiram o exemplo. E há mais 12 cidades com projetos já desenhados, que tentam levantar recursos para custear a instalação. Técnicos da Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais desenharam um modelo padrão e estão prestando consultoria para os municípios interessados. Com base do mapa de criminalidade do município, feito pela Polícia Militar, os técnicos definem o número de equipamentos necessários, os pontos onde devem ser instalados e qual a melhor tecnologia. O gerenciamento das câmeras é feito pela PM com ajuda das guardas municipais.

Em Betim, uma das cidades mais violentas de Minas, além das 20 câmeras que giram 360 graus no alto de postes, outras duas foram instaladas em viaturas da PM. As cenas gravadas pelas câmeras são enviadas, em tempo real, para 30 celulares dos agentes envolvidos na segurança da cidade. "Vai ser um grande mecanismo para a Polícia Militar", aposta o prefeito.

A expectativa de Carlaile Pedrosa é reduzir em mais de 40% os índices de violência na área de cobertura do programa "Vídeo Patrulha". Segundo ele, no último mês, período em que o sistema estava em fase de testes, muitas prisões foram feitas graças ao monitoramento das imagens numa central. O prefeito diz que Betim - cidade industrial cuja população passou de 30 mil para 450 mil habitantes em três décadas - estava virando uma "nova Baixada Fluminense" e foi preciso tomar várias medidas para ordenar o crescimento e garantir a tranqüilidade para a população. O monitoramento de imagens foi uma delas.

Após conhecer o modelo de Volta Redonda, há três anos, o prefeito tentou replicá-lo em Betim, mas não conseguiu custear os preços que lhe foram apresentados. "Vamos pagar hoje metade do que pagaríamos naquela época, a tecnologia barateou e melhorou", conta. Os recursos para o sistema sairão inteiramente do caixa municipal.

Embora a secretaria estadual dê suporte técnico aos projetos municipais, cabe às prefeituras encontrar recursos para financiar a instalação do sistema de segurança. Algumas cidades - como Belo Horizonte - fizeram parcerias com a iniciativa privada para bancar a compra dos equipamentos. Segundo o secretário estadual de Defesa Social, Maurício Campos Júnior, o sistema de vigilância eletrônica potencializa a ação da polícia, liberando homens para percorrer outras áreas dos municípios.

Para o secretário, a vigilância eletrônica é uma tendência como mecanismo de controle da criminalidade. Ele destaca, porém, que os resultados são mais positivos nos municípios de médio porte.

Em Belo Horizonte, pioneira no sistema, o projeto batizado de "Olho Vivo" funciona há três anos. Setenta e dois equipamentos estão instalados em três bairros da região central - Savassi, Barro Preto e Centro. De acordo com os dados divulgados pela prefeitura, a incidência de crimes (roubos, assaltos e homicídios) nessa área caiu 38% depois da instalação do sistema. Já em São Sebastião do Paraíso, município de 64 mil habitantes do sul de Minas, a prefeitura avalia que o nível de violência caiu pela metade.

Em 2005, a Polícia Militar registrou 19 mil ocorrências violentas na cidade. Em outubro do ano passado, a cidade passou a utilizar um sistema de vigilância eletrônica com 13 câmeras em áreas estratégicas - quatro nas vias de acesso e outras nove no centro. O número de ocorrências (assaltos, depredações, pequenos furtos e tráfico de drogas) registrado entre janeiro e junho deste ano foi de 6,7 mil.

O secretário municipal de Segurança Pública, Pedro Ivo de Vasconcelos, explica que pelas previsões do município, o número de registros chegaria a 24 mil neste ano, com base no ritmo em que vinha crescendo desde 1999. "Tudo indica que, graças ao sistema, vamos conseguir inverter as estatísticas", disse o secretário. O sistema de São Sebastião do Paraíso custou R$ 1 milhão, despesa paga com recursos de uma parceria entre o município, o Estado e o governo federal.

Além de Belo Horizonte, Betim e São Sebastião do Paraíso, as cidades de Diamantina, Juiz de Fora, Alfenas e Pouso Alegre já têm sistemas de vigilância eletrônica. Em Itaúna, um sistema com três câmeras começa a funcionar na próxima semana e a prefeitura negocia uma parceria com empresários para ampliar o esquema de segurança com mais dois equipamentos.

A operadora de telefonia Oi é uma das empresas que oferecem os serviços de vigilância eletrônica para municípios. Foi ela quem venceu a licitação de Betim, para prestar o serviço inaugurado quarta-feira da semana passada. A fornecedora da solução é a Veotex, empresa especializada em monitoramento de imagens. As imagens captadas pelas câmeras podem ser acompanhadas de uma central de monitoramento, mas também de "centrais de monitoramento individual": como celulares ou notebooks dos chefes de polícia.