Título: Brown nega nova política com EUA
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Fonte: Valor Econômico, 16/07/2007, Internacional, p. A12

O jornal britânico Sunday Times disse ontem que o primeiro-ministro Gordon Brown deve viajar a Washington ainda este mês para amenizar as tensões provocadas por declarações do secretário de Desenvolvimento Internacional da Grã-Bretanha, Douglas Alexander, que deixaram no ar um distanciamento da política externa dos dois países.

Douglas Alexander irritou o governo americano após defender, em discurso realizado em Washington, na noite de quinta-feira, uma ¿estratégia multilateral e não isolacionista¿ para a guerra. As afirmações foram tomadas como críticas ao ex-premiê Tony Blair por seu apoio à invasão dos EUA ao Iraque.

Apesar de Brown ter negado que as palavras de Alexander sinalizavam uma mudança da política externa, fontes ligadas ao governo americano afirmam que Washington ficou em estado de alerta. No sábado, autoridades britânicas disseram que Brown já havia programado a viagem aos EUA para o fim de julho, numa tentativa de desfazer a saia-justa.

O novo ministro das Relações Exteriores, David Miliband, também buscou um discurso conciliador. No sábado, tentou desfazer o mal-estar, afirmando que os EUA eram seu aliado número um.

¿É nosso mais importante relacionamento bilateral¿, disse à rede BBC, na primeira entrevista à TV desde que assumiu o posto em junho. ¿Algumas pessoas procuram sinais de que nossa aliança está se desfazendo¿, disse. ¿Pois não há e nunca haverá evidência de atrito.¿

Miliband, crítico da ocupação do Iraque, é visto com reservas pela administração Bush. Antes do impasse diplomático, ele teria apoiado o discurso de Alexander.

UNHA E CARNE

Outro integrante da equipe de Brown que também enviou sinais incompatíveis com o discurso oficial foi o ministro Mark Malloch Brown, indicado pelo premiê britânico para cuidar da estratégia internacional para África, Ásia e ONU.

Em entrevista à BBC, ele disse que a Grã-Bretanha deveria nutrir uma gama mais ampla de aliados. Ao jornal Daily Telegraph, disse que Londres e Washington já não seriam ¿unha e carne¿. ¿Minha esperança é que a política internacional se torne mais imparcial¿, afirmou Malloch Brown.

O ministro disse ainda que a proximidade entre a Inglaterra e os EUA, e entre Blair e Bush, foi resultado de circunstâncias específicas. Malloch sugeriu um distanciamento na gestão de Gordon Brown. ¿É muito improvável que a relação Bush-Brown seja como foi o relacionamento Bush-Blair¿, afirmou.