Título: Petistas de São Luís rejeitam Roseana em ministério
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 18/01/2005, Política, p. A8

A eventual entrada da senadora Roseana Sarney no ministério de Luiz Inácio Lula da Silva acirrou os ânimos do diretório municipal do PT, em São Luís. Em reunião, na semana passada, a executiva municipal decidiu se pronunciar contra a provável nomeação da ex-governadora do Maranhão ao gabinete de Lula. Aliada do presidente Lula nas votações no Senado Federal, Roseana está sendo cotada para assumir uma vaga na reforma ministerial que deve ser feita depois da eleição da mesa da Câmara dos Deputados. Sua saída do Senado, colocaria no seu lugar, o ex-deputado federal Mauro Fecury (PFL), o primeiro suplente. A aproximação de Lula com Roseana e seu pai, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), começou quando a candidatura da então governadora do Maranhão naufragou diante das pilhas de dinheiro encontradas em uma das empresas da família, conhecido como Caso Lunus. A família Sarney creditou ao então candidato a presidente pelo PSDB, José Serra, a articulação para que a candidatura de Roseana fosse retirada, uma vez que ameaçava o próprio candidato tucano. Na nota, divulgada ontem, o diretório petista em São Luís associa a Roseana a uma "legítima representante das oligarquias e forças políticas conservadoras". Embora reconheça a autonomia do governo em relação ao PT, o diretório sustenta que a eventual indicação "contraria a história do PT": "O modo petista de governar não se coaduna com a trajetória política de quem se beneficiou por décadas dos recursos estatais". Os petistas de São Luís afirmam ainda que para mudar o país o governo deveria se dissociar de "personagens que incorporam o atraso, o autoritarismo e a corrupção política". O presidente nacional do PT, José Genoino, saiu em defesa de Roseana. Genoino disse não concordar nem com o conteúdo, nem com o meio dos petistas se manifestar. Para o presidente nacional do PT, esse tipo de nota não compete aos diretórios municipais e o governo de Lula é mais amplo que o partido. "O governo Lula é o governo do PT, mas muito mais amplo. Por isso, o partido deixa o presidente à vontade para ampliar a participação dos aliados. Não se pode tirar conclusão de ministro que não seja do PT", avisou. Hoje, Lula encontra-se com Sarney e com o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, de acordo com a assessoria da presidência do Senado, para definir o espaço do PMDB dentro da reforma ministerial. (Com agências de notícias)