Título: Setor pode enfrentar um novo ciclo de baixa nos preços no segundo semestre
Autor: André Vieira
Fonte: Valor Econômico, 18/01/2005, Empresas &, p. B1

Apesar da alta nos preços da celulose neste mês, a indústria deve começar a enfrentar, a partir de meados deste ano, um novo ciclo de baixa dos preços. A Veracel, joint-venture entre a Aracruz e Stora Enso, que começa até o fim deste semestre sua produção, dá largada a uma rodada de aumento das capacidades de oferta no mercado. A empresa deve iniciar as vendas de cerca de 350 mil toneladas neste ano. A previsão é que alcance a capacidade plena de 900 mil toneladas em meados de 2006. Daí em diante, estão previstos projetos de expansão de fabricantes chilenas. A CMPC deve produzir 780 mil toneladas no ano e a Arauco planeja aumentar em mais de 700 mil toneladas antes do fim do mesmo ano. Em 2007, será a vez da Suzano Bahia Sul, com seu projeto de duplicação em Mucuri (BA). Na semana passada, a analista do Unibanco, Juliana Chu, reduziu a projeção do preço da celulose para 2005 em US$ 20 a tonelada, para US$ 560, ante os US$ 580 esperados antes. Em seu relatório sobre o setor, prevê que os preços devem atingir o fundo do poço por volta de 2007 (US$ 490 a tonelada), apenas começarão a recuperar em 2008. Esse valor, todavia, está acima do último ciclo de baixo, pouco além US$ 400. Mas as cotações atuais não serão atingidos antes de 2011, na avaliação do banco. As empresas brasileiras acreditam que o impacto não será tão duro como o mercado prevê. Esperam uma substituição da produção dos países desenvolvidos pela das nações emergentes, como a brasileira. Um exemplo deste processo são empresas canadenses, que pressionadas por alto custos, fecharam as portas de suas fábricas. Empresas brasileiras esperam contar com mais negócios. Outro fator apontada pela indústria brasileira é a continuidade da demanda por celulose por parte da China. As exportações brasileiras, que eram de 130 mil toneladas em 2000, previam alcançar cerca de 900 mil toneladas no ano passado, um crescimento de quase 600%. A VCP informou aos investidores estrangeiros que acredita que o mercado chinês continuará crescendo, puxando as vendas de celulose. Em 2003, as empresas de papéis e cartões colocaram a funcionar máquinas e equipamentos com capacidade de produzir 4 milhões de toneladas. No biênio de 2004 e 2005, são esperadas 3,5 milhões de toneladas adicionais de capacidade. A China, segundo maior produtor mundial de papel, com 41,6 milhões de toneladas por ano, consome 15% da produção de celulose do mundo. No ranking elaborado pela associação dos fabricantes americanos, o Brasil aparece, em 2003, como sétimo colocado entre os maiores produtores de celulose (9,1 milhões de toneladas). Entre os fabricantes de papel, o país está em 11º, com 7,9 milhões de toneladas. Os EUA lideram as duas listas, com 52,3 milhões de celulose, e 80,2 milhões de papel. (AV)