Título: Custo de de usina no Madeira pode ter redução de R$ 2,5 bi, calcula EPE
Autor: Schüffner, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 20/07/2007, Brasil, p. A2

Cálculos feitos por engenheiros contratados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontaram possibilidade de reduzir em R$ 2,5 bilhões os custos de construção da usina Santo Antônio, que junto com Jirau forma o complexo do Madeira. Assim, cada usina deve custar R$ 9,512 bilhões. A estimativa anterior, apresentada no estudo de viabilidade técnico-econômica do projeto - feito pelo consórcio liderado pela Odebrecht e atualizada com base no IGP-M em dezembro de 2006 - apontava custo de R$ 11,89 bilhões.

O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, explica que o custo menor foi possível com a redução das estimativas de gastos com cimento, aço e com a construção um aeroporto que seria construído no meio do caminho entre as duas usinas, distantes 150 quilômetros uma da outra. A avaliação é que ambas podem ser atendidas pelo aeroporto de Porto Velho (RO).

Apesar de ainda não ter estudos sobre Jirau, que será leiloada em 2008, Tolmasquim disse que ali também há possibilidades de reduzir custos. "No caso de Jirau, por exemplo, é possível fazer um modelo reduzido da usina, feito em laboratório. É caro, mas se pode reduzir muito os custos com obras civis. É um modelo em escala reduzida da usina, que não é uma maquete, mas um minilaboratório hidráulico, que permite projetar a usina em escala reduzida."

Também é possível reduzir número de anos em que se prevê a possibilidade de uma hidrelétrica sofrer inundação ou receber um volume muito grande de água, o chamado "tempo de recorrência" (TR). Tolmasquim explica que quanto maior o TR, mais segura, e cara, é a obra. Nos estudos de viabilidade iniciais do madeira, o TR varia de 100 a 300 anos, segundo Tolmasquim, chegando a 1000 anos a partir do início da operação.

"Quanto maior o TR, mais se tem que dimensionar a obra. Analisando outras usinas ,e constatou que Tucuruí tem (TR de) 25 anos, Salto Osório tem de 25 a 100 anos e em Salto Santiago ele é de 50 anos", explicou. No estudo de viabilidade existente, Tolmasquim disse que o TR estava "extremamente elevado, sobretudo pela característica do rio, o que levava a sobrecusto muito grande, passível de redução".

O presidente da EPE fez questão de frisar que não há sobrepreço nos estudos anteriores. "É preciso tomar cuidado, porque não estou acusando nenhum sobrepreço. Só estamos mostrando que existem potenciais de otimização. Há uma relação entre o custo do seguro e o custo da obra. Quanto maior o TR, menor o custo com o pagamento de seguro. Eles (o consórcio Odebrecht) fizeram a opção de ter uma segurança muito grande, que também traz uma vantagem com seguro, mas tem um custo de construção enorme", disse. Tolmasquim frisou que a decisão final sobre o projeto será dos investidores. A EPE, segundo ele, apenas mostra que existem outras possibilidades.

Segundo ele, nos próximos 15 dias serão tornados públicos os estudos com as alternativas ao projeto. Outras mudanças possíveis já identificadas, e cuja economia ainda não foi mensurada, são na posição da casa de forças, na barragem e no vertedouro. Esse último pode ficar mais próximo da calha do rio do que no projeto original, o que diminui os custos com escavação.