Título: Previ e BNDESPar fazem oferta para elevar volume de ações do BB na bolsa
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 20/07/2007, Finanças, p. C1

Dois dos principais acionistas do Banco do Brasil vão fazer uma nova oferta pública de papéis da instituição, que poderá chegar a R$ 3,7 bilhões. O BB também se prepara para, no futuro, ter a suas ações listadas na Bolsa de Nova York, a exemplo dos grandes bancos privados de varejo.

Ontem, o BB divulgou um fato relevante informando que a Previ, fundo de previdência dos funcionários da própria instituição, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Participações (BNDESPar) iniciaram estudos para fazer no segundo semestre uma oferta pública que, em conjunto, irá representar um percentual entre 3% e 5% das ações do banco. Dependendo do percentual, a oferta poderá movimentar entre R$ 2,2 bilhões e R$ 3,7 bilhões, tomando como base as cotações atuais das ações.

A oferta faz parte da estratégia traçada pelo governo para ampliar o chamado "free float" do BB, ou seja, a parcela dos papéis que é negociada na Bolsa. O banco aderiu ao Novo Mercado da Bovespa e, até junho de 2009, tem que elevar o "free float" para 25%. Em 2006, esse percentual já subiu de 7% para 15%, em uma operação semelhante que envolveu a Previ, o BNDES e o próprio BB, que vendeu papéis mantidos na sua tesouraria.

Se a oferta anunciada ontem for de 3%, o "free float" sobe para 18%; se chegar, a 5%, fica em 20%. O governo resolveu ir devagar na oferta dos papéis porque, se procurasse elevar o "free float" para 25% de uma só vez, haveria o risco de inundar o mercado com ações, provocando a desvalorização dos papéis. Pelo preço atual das ações, uma oferta de 10%, percentual necessário para atingir "free float" de 25%, iria movimentar R$ 7,5 bilhões.

Ontem mesmo as ações do BB sofreram um pouco com o anúncio da operação, caindo 2,85%. O gerente de relacionamento com investidores do BB, Marco Geovanne Tobias, disse que, diante da possibilidade de uma oferta pública, é natural que as ações de qualquer empresa caiam um pouco. "É bom lembrar que, nesse ano, as ações do BB subiram 44%, enquanto outros bancos tiveram uma valorização entre 23% e 24%", afirmou.

Ele explicou que o aumento do "free float" é importante para ampliar a liquidez das ações do BB. A operação realizada no ano passado, lembrou, melhorou a posição do BB no "ranking" de liquidez da Bovespa, passando da 35ª para a 16ª posição.

Ele também considera que, se de fato a Previ e o BNDES confirmarem a operação, terá sido escolhido um bom momento. Na oferta realizada no ano passado, a ação valia o equivalente a R$ 14,50, e hoje está um pouco acima de R$ 30.

O Tesouro é o principal acionista do BB, com uma participação de 68%, enquanto a Previ tem 11,5%, e o BNDES, 5%. O valor de mercado da instituição está atualmente em R$ 74 bilhões.

Ainda não estão definidos os detalhes da oferta pública - até porque ainda falta a sua confirmação pela Previ e BNDES -, mas a tendência é que se repita o modelo adotado na operação feita em 2006, quando 30% dos papéis foram vendidos para investidores de varejo. Na ocasião, o BB mobilizou a rede de agências para oferecer ações aos clientes e também funcionários da própria instituição.

Dos 70% restantes, 35% ficaram com investidores estrangeiros e 35% com grandes investidores nacionais. Hoje, os estrangeiros detêm 7% do capital do BB. Decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva autoriza que essa parcela suba até 12,5%.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou um voto que propõe autorização, para instituições do porte do BB, que 25% das ações sejam detidas por estrangeiros. Mas ainda falta um decreto presidencial para colocar a medida em prática.

Ao aderir ao Novo Mercado, o BB concordou em adotar os padrões internacionais de contabilidade nas suas demonstrações financeiras, até junho de 2009. Esse é um passo para que, no futuro, o BB seja listado na Bolsa de Nova York. A negociação no exterior poderá aumentar ainda mais a liquidez dos papéis do banco, já que alguns investidores não compram ações negociadas em mercados acionários de países emergentes.