Título: Grau de investimento deve atrair fundos de pensão internacionais
Autor: Travaglini, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 23/07/2007, Finanças, p. C2

Os grandes fundos de pensão dos países desenvolvidos devem entrar com força no mercado de ação brasileiro depois da obtenção do grau de investimento, segundo levantamento feito pela gestora de recursos Meta Asset, a exemplo do que ocorreu em outros países, como Chile e México e pode trazer benefícios.

O superintendente comercial da Meta Asset, Maurício Gentil, explica que o grau de investimento é uma restrição para esses fundos, mas com a obtenção do novo rating o Brasil tende a se tornar um mercado atrativo para muitos investidores estrangeiros que buscam bons retornos em ativos de longo prazo.

Segundo ele, perto de fundos de pensão estrangeiros as fundações brasileiras possuem disponibilidade de investimento "infinitamente menor". Em maio, os fundos brasileiros acumulavam R$ 395 bilhões em ativos, o que correspondia a 18% do PIB, enquanto os americanos têm ativos da ordem de quase 100% do PIB dos Estados Unidos. "Só para se ter uma idéia, toda a indústria de fundos de pensão brasileira reúne patrimônio equivalente a do 67º maior fundo americano".

Ele lembra que os investidores estrangeiros já demonstram muito apetite nas aberturas de capital das empresas brasileiras e o aumento do volume e dos preços negociados na Bolsa de Valores de São Paulo já indica essa tendência. "Eles estão procurando equity (ações), papéis sensíveis ao crescimento", diz Gentil.

O diretor da asset explica que os fundos de pensão devem aplicar em ações, assim como as fundações brasileiras, mas a atuação nos conselhos da empresas não é uma características desses fundos. "Normalmente eles nomeiam gestores por não manterem estruturas para assumir postos nos conselhos", explica.

O superintende da Meta acredita que até mesmo os fundos de hedge devem entrar no Brasil depois da obtenção do grau de investimento. Eles têm atuação mais ativa nos conselho das empresas e pode trazer muitas pontos positivos, como melhorias na administração das empresas, e outros negativos, como a forte interferência na gestão. Recentemente, os grandes fundos pressionaram o conselho do ABN AMRO a aceitar proposta de compra por parte de outros bancos.

O presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência (Abrapp), Fernando Pimentel, entende que as instituições brasileiras estão bastante preparadas para uma possível concorrência e que as recente medidas de flexibilização dos investimentos são importantes para elevar a competitividade dos fundos brasileiros.

Ele viajou recentemente para o Canadá para acompanhar a atuação dos fundos daquele país. Alguns deles já tem aplicações no Brasil. "Há um crescente interesse de fundos de várias partes do mundo pelas oportunidades que julgam estar surgindo no Brasil", acredita. Os 25 maiores fundos do Canadá reúnem uma poupança de US$ 500 bilhões.

Um dos focos de atuação dos canadenses está na infra-estrutura, onde aplicam entre 5% e 15% dos recursos (média mundial). Segundo ele, "esse tem sido um caminho encarado com interessante para os fundos em razão da baixa volatilidade e do fluxo de caixa que oferece".