Título: Desembolsos do BNDES crescem 35,3% no semestre
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 19/07/2007, Brasil, p. A4

No primeiro semestre do ano, o BNDES teve desempenho recorde, desembolsando R$ 24,6 bilhões em financiamento a projetos. O valor é 35,3% superior ao do mesmo período do ano passado, com o número de operações avançando 83%. As aprovações somaram R$ 40,1 bilhões crescendo 53,2%, enquanto as consultas atingiram R$ 59,4 bilhões, superando em 39,3% as de janeiro a junho de 2006.

Luciano Coutinho, presidente do banco, disse que os números confirmam o vigor da economia e especialmente de um ciclo de investimentos que começa a ganhar corpo no país. "Fica claro nos dados de desembolso uma aceleração do investimento industrial."

Na sua projeção, a formação bruta de capital fixo, equação que mede o investimento fixo no país, deve crescer acima de 10% este ano, mais do que o dobro do PIB de 4,5%. Isto possibilitará um avanço na taxa de investimento, que pode fechar o ano em 18% do PIB, ante 16,8% no ano passado.

A indústria continuou liderando as liberações do BNDES de janeiro a junho, tendo recebido financiamentos de R$ 11,6 bilhões, ou 62,7% acima do mesmo período de 2006. Os projetos de metalurgia foram os que mais receberam recursos do banco, somando R$ 2,5 bilhões. O setor de material de transporte levou R$ 2,3 bilhões e a agroindústria, R$ 1,7 bilhão.

A área de infra-estrutura foi contemplada com R$ 8,5 bilhões, valor 44,2% superior aos desembolsos de janeiro/junho de 2006. O setor de transporte terrestre recebeu R$ 4,3 bilhões e o de energia, R$ 2,1 bilhões. A agropecuária contou com R$ 2,4 bilhões, 89% a mais que nos primeiros seis meses de 2006, revelando forte recuperação por conta de projetos do complexo sucroalcooleiro e da área de carnes. Comércio e serviços levaram R$ 2 bilhões.

Na ótica de Coutinho, o setor de infra-estrutura vai puxar o crescimento dos desembolsos do banco neste segundo semestre. O BNDES conta com 126 projetos do PAC em sua carteira, com destaque para energia, setor que vem recebendo um tratamento especial do banco, por orientação do governo.

Coutinho relatou que deverá se reunir em breve com o Ministério das Minas e Energia , Eletrobrás e EPE para discutir a criação, pelo banco, de condições especiais de financiamento a projetos de conservação de energia e co-geração de energia. "A orientação oficial é fazer um esforço para aprofundar um processo de conservação de energia e gerar superávits nos projetos de co-geração", informou. Destacou ainda que o banco terá participação ativa nos projetos do rio Madeira. A instituição vai liderar os bancos privados que vão atuar na estruturação de um "project finance" de mais de US$ 10 bilhões para financiar o consórcio vencedor e poderá entrar como sócio nas hidrelétricas.

Bastante abalado pela queda do avião da TAM, no qual perdeu um aluno e orientando da Unicamp, Coutinho revelou que o banco trabalha num projeto para construir um novo aeroporto, de São Gonçalo do Amarante, em Natal, no Rio Grande do Norte. A iniciativa é do governo do Estado e está sendo analisada no banco.

No início da semana, Coutinho se reuniu com o ministro Paulo Bernardo, do Planejamento. O ministro quer discutir como o BNDES poderia auxiliar num programa de desenvolvimento aeroportuário para o país. "Estou aguardando e quero crer que o ministro levará adiante esta determinação".