Título: Técnicos da Airbus vão acompanhar investigações
Autor: Lamucci, Sérgio e Adachi, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 19/07/2007, Especial, p. A8

Na manhã de ontem uma comissão de cinco técnicos da européia Airbus chegou a São Paulo para acompanhar de perto as investigações sobre o acidente com o A-320, fabricado pela empresa. Eles deverão ficar no país por tempo indeterminado.

"É cedo ainda para apontar as causas do acidente", afirmaram interlocutores da fabricante de jatos no Brasil. Partes da fuselagem, relatos da torre de controle, imagens da pista e a caixa-preta (que foi enviada para análise para os Estados Unidos) também devem ajudar na elucidação das circunstâncias do acidente, disseram. A direção da empresa, com sede em Toulouse (França), recebeu a notícia, minutos após o acidente, com "surpresa, decepção e constrangimento".

De acordo com nota divulgada ontem, a Airbus atribuiu às autoridades brasileiras a "inteira responsabilidade'' da investigação sobre as causas da tragédia envolvendo um aparelho de sua fabricação. O trabalho da empresa estaria "em linha com convenção internacional", que será fornecer plena assistência técnica para o Bureau d'Enquêtes et Analyses (BEA) e para o governo brasileiro.

O porta-voz da Iata, a associação que representa 240 empresas aéreas, indicara que a entidade estava pronta a colaborar para descobrir as causas do acidente, mas que a princípio essa missão deve ser do Brasil e da França.

A TAM é a maior cliente da Airbus na América Latina. Da sua frota de 106 aeronaves, 86 foram produzidas pela empresa européia. Os jatos modelo A-319 somam 15 unidades e o A-320, outras 61. A unidade de manutenção da TAM em São Carlos (SP) está homologada para fazer a manutenção dos jatos da Airbus pertencentes a outras companhias. O planejamento da TAM prevê em sua frota 88 aeronaves da família 319, 320 e 321. Em 2008 a frota terá 103 aeronaves da mesma família, indo para 106 em 2009, 112 em 2010 e 115 em 2011.

Desde seu lançamento, em 1988, o A-320 já acumulou vendas de mais de 3 mil unidades, sendo 1,2 mil ainda em carteira. A aeronave tem sistema de "fly by wire" (que "filtra" as ações do piloto) e suas turbinas são fornecidas pela International Engines, cuja manutenção é realizada na Alemanha. O acidente da TAM foi o sexto envolvendo o modelo, provocando vítimas fatais. Foi também o mais grave.

O aparelho da TAM envolvido no acidente foi entregue em 1998, tinha cerca de 20 mil horas de vôo e 9,3 mil vôos.