Título: Serra cobra redução de vôos para Congonhas
Autor: Costa, Raymundo e Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 19/07/2007, Especial, p. A9

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), cobrou a readequação imediata do aeroporto de Congonhas, com a diminuição do volume de vôos e transferência para outros aeroportos. O governador destacou que a decisão cabe ao governo federal, por meio da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), mas que o " governo de São Paulo vai fazer valer o seu peso" nessa alteração.

Ontem, criticou de forma indireta a decisão da Anac de abertura do aeroporto. "Eu teria preferido fazer a abertura já com a redução do volume de trânsito", apontou.

Lembrando que o aeroporto não é de atribuição do Estado, Serra destacou que tanto o governo estadual, quanto a prefeitura da capital, comandada por Gilberto Kassab (DEM), estão empenhados em dar "toda a assistência possível". "O governo estadual não tem atribuições em matéria de aviação. Ela é inteiramente de natureza federal. Mas tanto o governo do Estado quanto a prefeitura, sim, se preocupam com a segurança dos moradores de São Paulo e daqueles que estão passando por aqui", disse ontem.

O vice governador e secretário de Desenvolvimento, Alberto Goldman, foi mais direto em suas críticas à atuação do governo federal no desastre que, segundo ele, não estaria dando o apoio necessário. "As conseqüências estão todas em cima do governo estadual. Até agora (ontem à noite), o governo federal não ofereceu ajuda", disse. "E é preciso dar clareza que o aeroporto estava 50% acima de sua capacidade. Não é de hoje. Qualquer falha poderia causar um estrago enorme, como causou", comentou.

Goldman acompanhou o governador em comitiva ao aeroporto de Congonhas, junto ao secretário estadual da Justiça e Defesa da Cidadania, Luiz Antônio Marrey.

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), também acompanhou os trabalhos no aeroporto e cobrou definições do governo federal sobre a capacidade dos aeroportos e do projeto de expansão deles. "Chegou a hora de dar um basta, de o Brasil cobrar de todos uma solução definitiva para o sistema aeroportuário", afirmou. "Precisamos de soluções de curto, médio e longo prazos", disse, evitando declarações polêmicas.

Como crítica comum do prefeito e do governador, os dois apontaram o excesso de volume do tráfego aéreo no aeroporto, localizado na zona sul da capital. " O aeroporto tem um problema estrutural. Não poderia mais funcionar na escala que vem funcionando", comentou. "Pode continuar como aeroporto, mas evidentemente que deveria haver uma redução no volume do tráfego aéreo. Isso é o que o governo do Estado e a prefeitura desejam", completou.

São Paulo fará sua própria investigação criminal, com a polícia civil e o Ministério Público estadual. "vamos verificar se houve homicídio culposo no caso desse acidente", disse o governador, detalhando que o trabalho já começou.

No começo da noite de ontem, o número de mortos informado pelo governador chegava a 178: três corpos foram encontrados no posto de gasolina próximo ao local do acidente, nove estavam no prédio onde houve a colisão e os demais corpos eram daqueles que estavam no avião. Serra foi cuidadoso ao comentar as causas do acidente e relatou que "ainda não existem elementos que permitam a identificação precisa das causas daquilo que aconteceu". A caixa preta do avião foi recolhida e será enviada para análise nos Estados Unidos.