Título: Vice-governador defende controle estadual para setor aeroportuário
Autor: Maia, Samantha e Chiaretti, Daniela
Fonte: Valor Econômico, 19/07/2007, Especial, p. A10

Alberto Goldman, vice-governador de São Paulo (PSDB), defende a "estadualização" da infra-estrutura de aeroportos e portos de São Paulo. "Deveria ficar por conta do governo estadual ou de concessões", diz ele. "Esta é a melhor solução. Se este assunto fosse conosco, já estaria resolvido." Segundo ele, a Infraero trataria "do restante dos aeroportos do país". A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), "evidentemente" continuaria a coordenar toda a aviação civil. "Não somos capazes de fazer isso, a olho", reconhece.

Goldman tem escrito e dito que Congonhas não comporta o movimento que é obrigado a atender. Em artigo publicado recentemente na "Folha de S.Paulo", ele dava os números: "O tráfego aéreo na região metropolitana de São Paulo-Guarulhos, Congonhas e Campo de Marte passou de 23,8 milhões para 34,3 milhões de passageiros por ano, entre 2003 e 2006". O crescimento, no período, é de quase 50%, ou 10,5 milhões de passageiros. "A capacidade nominal do aeroporto é de 12 milhões; está com 18 milhões. A partir daí, tudo estressa. Qualquer erro que se cometa é decisivo para um acidente." Ali acusava o "descaso da administração federal" no tema e defendia que a região metropolitana de São Paulo "necessita de um novo e grande aeroporto".

A curto prazo ("curtíssimo", nas suas palavras), é preciso retirar vôos de Congonhas e passar para Guarulhos e Viracopos. "E fazer as obras necessárias: Guarulhos está ruim, Viracopos está ruim. Não há investimentos", alfineta. A previsão do governo federal, de concluir o terceiro terminal de Cumbica (que está em fase de licitação), em 2012, teria que ser adiantada. Segundo Goldman, a obra tem que estar pronta em 2010. O trem que ligaria Cumbica a São Paulo, assegura, está em fase de preparação de editais para a Parceria Público-Privada e "deve sair este ano".

Num horizonte mais longo, o vice-governador de São Paulo enxerga duas opções: ou se viabiliza transporte eficiente para Viracopos ou se viabiliza outro aeroporto na região metropolitana. "Eu, pessoalmente acho mais fácil um terceiro aeroporto. Existem estudos procurando 'sites' para isso", diz, sem adiantar onde. Segundo ele, a prospecção dos lugares tem sido feita pelo governo estadual que está "tentando conversar com o governo federal sobre isso. Achamos que temos condições de fazer".

Na tarde de ontem, Goldman admitia ter "ouvido falar" que o Ministério Público Federal pretendia protocolar na Justiça Federal de São Paulo uma ação civil pedindo o fechamento do aeroporto de Congonhas - como ocorreu no início da noite. "Acho que se fizer isso, faz corretamente. Tem que parar até voltar ao normal, tirar um terço do movimento de lá, apurar o motivo do acidente, se a responsabilidade foi da pista, do piloto, de quem ou de quê."