Título: Torrefadoras terão mais recursos para promover café
Autor: Mônica Scaramuzzo
Fonte: Valor Econômico, 18/01/2005, Empresas &, p. B6

Ainda que não tenham no exterior a mesma projeção alcançada nos últimos anos pelos cafés colombianos, as torrefadoras brasileiras vão intensificar em 2005 sua aposta em marketing para divulgar a bebida nacional nos mercados externo e também interno. Para esse fim, os recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) disponíveis deverão crescer 68% em relação a 2004 e alcançar R$ 8,4 milhões, segundo Nathan Herszkowicz, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). "O marketing para divulgar o café brasileiro é relativamente recente", lembrou Herszkowicz. Segundo ele, a verba do Funcafé é usada, em sua grande parte, para dar suporte ao setor produtivo. Mas, mesmo com mais dinheiro, ainda não será neste ano que as campanhas de marketing no exterior terão mais projeção, já que as indústrias deverão direcionar mais da metade dos recursos para as campanhas domésticas. No ano passado, as indústrias gastaram R$ 4,531 milhões do total de R$ 5 milhões previsto no orçamento do Funcafé. As torrefadoras despenderam mais R$ 1,2 milhão de recursos privados, sobretudo para a mídia em televisão. Do total gasto de 2004, R$ 1,66 milhão (36,7%) foram investidos em campanhas no exterior. A estratégia para o mercado externo ainda deverá ser concentrada em feiras e exposições internacionais, como em 2004. Segundo Herszkowicz, não há recursos suficientes para se investir em mídia no exterior, como fez a Colômbia nos últimos anos. "Pretendemos aumentar a visibilidade do produto brasileiro em feiras mundiais". São nessas feiras, disse, que as indústrias conseguem expandir, mesmo que em pequena escala, o mercado para o café torrado e moído do Brasil. No último Encafé (encontro anual das indústrias brasileiras), varejistas americanos e europeus vieram ao país e fecharam negócios com o Café Bom Dia. Além das participações em feiras e eventos no exterior, a Abic quer, também, incentivar a abertura de cafeterias de empresas brasileiras em outros mercados em 2005, a exemplo do que já está fazendo a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé). "Nosso projeto é estimular pelo menos a abertura de uma cafeteria este ano", afirmou o diretor da Abic. Para fortalecer o produto brasileiro, as indústrias também pretendem trabalhar em conjunto com o governo na renovação do registro mundial da marca Cafés do Brasil e no aperfeiçoamento do selo. As campanhas de mídia terão prioridade no mercado interno para estimular o consumo. No ano passado, o governo investiu, depois de 15 anos, em uma propaganda institucional sobre café na televisão. As campanhas na mídia, além de incentivos à pesquisa junto à comunidade médica, ajudaram a impulsionar o consumo brasileiro do produto no ano passado. Tal demanda atingiu 14 milhões de sacas, um crescimento de 9% sobre 2003.