Título: Expansão moderada nos EUA em 2008, diz Bernanke
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 19/07/2007, Internacional, p. A14

O presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Ben Bernanke, disse ao Congresso que a economia dos EUA está emergindo de sua situação anêmica, mas que o crescimento geral para este ano será menor do que esperado. A inflação continua sendo uma preocupação, afirmou.

Durante o depoimento sobre o estado da economia que tem de fazer no meio do ano ao Legislativo, Bernanke usou um tom cauteloso. "No geral, a economia dos EUA parece inclinada a se expandir em um ritmo moderado no segundo semestre de 2007, com o crescimento ganhando um pouco de força em 2008", afirmou. Mesmo assim, o presidente do Fed disse que o crescimento deste ano será um pouco menor do que o projetado pela instituição em fevereiro, ficando entre 2,2% e 2,5%.

A economia cresceu ao ritmo de 0,7% no primeiro trimestre, o pior resultado em quase quatro anos. Devido aos sinais de melhora nos dados econômicos, o período de abril a junho pode se recuperar para um crescimento de 3%, estimou o presidente do Fed. A estimativa de crescimento no segundo trimestre será divulgada pelo governo ainda neste mês.

A previsão de inflação, por outro lado, não foi modificada, com o núcleo do índice, que exclui os preços de energia e alimentos, ficando entre 2% e 2,2% . O Fed "vem consistentemente colocando que os riscos de aumento da inflação ainda são preocupações predominantes", disse Bernanke.

Ontem, o Departamento do Trabalho divulgou que o índice de preços ao consumidor avançou 0,2% em junho, levemente acima do esperado, mas ainda assim o menor crescimento do IPC em cinco meses. O núcleo do indicador também subiu 0,2%. Analistas esperavam alta de 0,1% para o índice cheio e de 0,2% para o núcleo.

"No geral, os números mostram que a inflação está relativamente sob controle", disse Omer Esiner, analista de câmbio do Ruesch International.

Os custos de alimentos avançaram 0,5% em junho. Esse item contribuiu com 17% do índice geral no primeiro semestre.

Os preços de energia declinaram 0,5%, mas acumularam no semestre salto de 27,8%.

O núcleo subiu 2,2% sobre igual período de 2006, em linha com as previsões. O índice cheio avançou 2,7% nessa comparação, ligeiramente acima das expectativas. No acumulado deste ano, o núcleo tem alta de 2,3%, em uma taxa anualizada e ajustada sazonalmente, comparada à elevação de 2,6% vista em todo o ano de 2006.

Analistas crêem que, diante desse quadro, o Federal Reserve vá deixar os juros inalterados pelo resto do ano em 5,25%, dando um período de estabilidade aos tomadores de crédito.

"É possível, porém, que o Fed reduza das taxas de juros, pois neste instante o Fed está bastante tranqüilo no controle da situação", disse Peter Kretzmer, economista-sênior do Bank of America Corp. de Nova York. "A demanda estrutural continua moderada, e as pressões inflacionárias estão cedendo, de modo geral."

Já a taxa de desemprego, atualmente em 4,5%, deve fechar o ano no máximo em 4,75%, segundo as previsões de Bernanke. Pelos padrões históricos, esse resultado é considerado relativamente baixo.

Os dados do IPC estão em www.dol.gov