Título: EUA e Brasil se armam para "guerra do suco"
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 18/01/2005, Agronegócios, p. B10

Começa amanhã a primeira audiência em um novo processo anti-dumping movido nos Estados Unidos contra o suco de laranja brasileiro. Os produtores americanos querem modificar as taxas antidumping atualmente em vigor para torná-las mais abrangentes. O pedido de uma nova investigação foi feito em 29 de dezembro na International Trade Commission (ITC, órgão do Departamento do Comércio dos EUA que determina taxas antidumping). A primeira audiência do processo ocorrerá amanhã, com testemunhas do lado americano representando a Associação de Produtores de Cítricos da Flórida e duas empresas de processamento. Do lado brasileiro, estarão representantes de Cutrale, Citrosuco e Coinbra, do grupo francês Louis Dreyfuss. A lista oficial de testemunhas sai hoje. A petição causou alguma confusão, pelo fato de já haver uma série de taxas em vigor sobre a importação de suco brasileiro. Para o advogado Thomas Vakerics, do escritório Sandler, Travis & Rosenberg, que representa os exportadores brasileiros, não está claro como os produtores americanos pretendem criar uma taxa se já existe outro processo antidumping em vigor. "O mais provável é esperar que as taxas atuais expirem na revisão periódica e usar uma nova investigação para substituir as tarifas anteriores", afirmou Vakerics. Um especialista brasileiro explica, entretanto, que o novo processo questiona especificamente as exportações das empresas citadas, e não do Brasil como um todo, como no caso do processo existente. O representante dos produtores americanos, Matthew McGrath, do escritório Banes Richardson & Colburn, diz que a tarifa atual, que entrou em vigor em 1987, deve entrar em breve em revisão para extinção. "A tarifa de dumping hoje só é aplicada a uma companhia, já que ao longo do tempo várias foram excluídas. Algumas empresas, como a Cutrale, nunca foram taxadas", diz McGrath. A única empresa ainda taxada, a Citrovita, não pagaria as taxas por fazer suas exportações usando operações comerciais mantendo o suco em nome de outros produtores. McGrath diz que muitos pequenos produtores vão sair do mercado na Flórida porque perderam muito com os recentes furacões e não podem contar com uma alta dos preços do suco para recuperar suas companhias. Além de voltar a expandir a tarifa , McGrath diz que os produtores querem incluir tipos de produto que estavam fora da taxação. Na petição inicial, os produtores alegam haver margens de dumping de 77,7% para o suco pasteurizado (conhecido como não obtido de concentrado) e 37,3% em suco de laranja congelado e concentrado que pode ser usado para posterior manufatura. A petição exclui o suco congelado e concentrado já coberto pela ordem anterior de dumping e suco importado do Brasil já pronto para o varejo. O grupo que está pedindo a ação antidumping é constituído por Florida Citrus Mutual, Citrus Belle, Citrus World, Peace River Citrus e Southern Gardens.