Título: Tragédia mostra vulnerabilidade da infra-estrutura no país
Autor: Pavini, Angelo e Camba, Daniele
Fonte: Valor Econômico, 19/07/2007, EU & Investimentos, p. D1

O acidente com o Airbus 320 da TAM, em Congonhas, afeta não só o desempenho do setor de aviação na Bovespa, como também acende um alerta para o quão vulnerável é a infra-estrutura do Brasil. Para o superintendente de renda variável do Banif Banco de Investimentos, Nami Neneas, aos olhos do investidor estrangeiro, tal percepção aumenta o risco de compra de ativos brasileiros como um todo. "Fica em xeque a capacidade de o país crescer com essa infra-estrutura ruim e o investidor tende a pedir um desconto maior para comprar as ações locais, mesmo que goste do caso de investimento e as premissas macroeconômicas sejam favoráveis", diz Neneas.

Para o superintendente, num primeiro momento, sofrem mais os papéis da TAM e da Gol, embora ele considere as empresas competitivas, com boa gestão, e com preços que justificam a manutenção dessas ações em carteira. "Com o dólar baixo, as companhias aéreas viviam um período muito positivo, com custos combinados menores, por conta das despesas com combustível e leasing de aeronaves, e num período de aumento de demanda", diz Neneas.

Setores que dependem de investimentos em infra-estrutura, por sua vez, ainda podem se arrastar na bolsa até que haja garantia de que os projetos vão sair do papel - vide as parcerias público privado (PPP). Já as companhias ligadas diretamente à área de logística e que tenham planos de investimentos claros podem ser olhadas com mais atenção aos olhos dos investidores, acrescenta Neneas.

Para Kelly Cristina Neander Trentin, analista do setor pela corretora SLW, a Embraer também poderia ser reavaliada por conta do acidente aéreo, por ter encomendas previstas para a BRA. Apesar de a companhia aérea brasileira representar uma pequena parcela das vendas da montadora de aeronaves, os problemas do setor podem conter um possível nicho a ser explorado pela empresa.