Título: Obras na pista não foram completadas
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 18/07/2007, Brasil, p. A4

As precárias condições das pistas do aeroporto de Congonhas vinham sendo objeto de discussão pelo menos desde a derrapagem de um avião da BRA, ocorrido em março de 2006. As obras, entretanto, só começaram um ano depois, com o início da reforma da pista auxiliar. Antes mesmo do início das obras, o Ministério Público de São Paulo pediu a interdição total da pista principal do aeroporto, depois que aeronaves derraparam no local, nos dias de chuva.

Mais tarde, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinou que a pista principal deveria ser interditada caso fosse verificada o acúmulo de água superior a três milímetros. Em fevereiro, três semanas antes do início das obras, o juiz Ronald Carvalho Filho, da 22ª Vara Federal em São Paulo proibiu, por meio de uma liminar, a operação dos aviões nos modelos Boeing 737 e Fokker 100, utilizados por empresas como Gol, TAM e OceanAir. O magistrado havia calculado que as aeronaves não teriam condições suficientes de operar em dias de chuva. Um dia após a decisão, porém, a restrição às aeronaves foi revogada pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região.

A reforma da pista principal do aeroporto de Congonhas foi concluída em 29 de junho, depois de 45 dias, às vésperas do período de férias escolares e sem a realização das ranhuras ("grooving"). A finalização do "grooving" estava estimada para 27 de setembro. A Infraero liberou a pista alegando que o trabalho seria feito durante a madrugada. Os reparos na pista auxiliar duraram 70 dias.

Desde o início das obras na pista principal Congonhas só funcionou com a pista auxiliar, o que reduziu a capacidade de pousos e decolagens em 30% . Segundo a Infraero, somente as obras da pista principal custaram R$ 19,9 milhões e foram executadas pela OAS e Construtora Galvão Engenharia.

Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores em Transporte Aéreo, Uébio José da Silva, em 2001, foi criada uma comissão para avaliar riscos no aeroporto de Congonhas, com participação de Ministério Público, Sindicato dos Aeronautas, prefeitura, empresas aéreas, e outros. Foram tiradas duas recomendações das discussões: a necessidade de fazer uma área de fuga sobre a avenida dos Bandeirantes, ou seja, uma extensão da pista, caso o avião não consiga parar, e a construção de uma rede de proteção em volta das pistas e na cabeceira. "Nada foi colocado em prática", diz Silva.