Título: Aeronáutica já começou a investigar causa da tragédia
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 18/07/2007, Brasil, p. A4

Poucas horas depois do acidente com o avião da TAM, duas teses a respeito das causas predominavam. Uma delas fala em problemas na pista recém-reformada do aeroporto de Congonhas. A outra aponta para falha humana. Sem que as investigações avancem, entretanto, falar sobre as causas é um exercício de especulação.

A pista principal do aeroporto de Congonhas foi reaberta no dia 29 de junho, após 45 dias de reforma, sem a realização do serviço de "grooving", ranhuras que ajudam a escoar a água e aumentam a aderência dos pneus ao asfalto. Depois de um longo período de estiagem, ontem chovia pelo segundo dia consecutivo na capital paulista. Na segunda-feira, um bimotor ATR-42 da empresa aérea Pantanal vindo de Araçatuba já havia derrapado ao pousar na mesma pista, a de número 35 do aeroporto.

A Infraero liberou o uso da pista e prometeu fazer o grooving apenas entre agosto e setembro, durante a madrugada, para evitar os transtornos causados pela redução dos vôos em Congonhas. Antes da reforma, que corrigiu os declínios da pista e substituiu sua camada asfáltica, a pista principal do aeroporto vinha sendo fechada sempre que chovia e a água acumulada atingia nível superior a três milímetros. Pelo menos cinco aeronaves passaram por incidentes de derrapagem num período inferior a 18 meses, até o início das reformas, em maio.

Nos últimos três dias, a precipitação em São Paulo foi de 41,7 mm - equivalente a 94,7% da média histórica de chuvas para o mês de julho. Entretanto, ontem a chuva não foi forte na região do aeroporto, de acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências.

No governo e entre pilotos de outras companhias aéreas circulava com força a tese de falha humana. O piloto do Airbus da TAM teria errado na aproximação da pista. Provavelmente, passando do ponto ideal de toque na pista. Depois disso, ao perceber que não conseguiria parar o avião, o piloto teria tentado arremeter, ganhar altura. Isso explicaria o fato de a aeronave ter ido parar do outro lado da calçada da avenida Washington Luiz sem causar danos no canteiro da avenida ou em árvores.

A Aeronáutica informou que ontem mesmo tiveram início as investigações sobre as causas, sob a condução do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 4).