Título: PT confirma negociação de empréstimo com BMG
Autor: Moreira, Ivana e Junqueira, Caio
Fonte: Valor Econômico, 18/07/2007, Política, p. A8

O PT confirmou ontem que foi feito um acordo entre o partido e o banco BMG referente ao pagamento do polêmico empréstimo feito pela legenda de R$ 2,4 milhões em fevereiro de 2003. O contrato, assinado pelos então dirigentes da sigla José Genoino e Delúbio Soares, teve como avalista o publicitário mineiro Marcos Valério de Souza, apontado como um dos articuladores do suposto esquema do mensalão.

"O acordo foi firmado depois que o BMG cobrou a dívida judicialmente. O PT, impossibilitado de fazer o pagamento integral, iniciou uma negociação junto ao banco em agosto de 2006, negociação esta que vem sendo repactuada", afirma a nota, assinada pelos atuais dirigentes Ricardo Berzoini e Paulo Ferreira.

Pelo teor do acordo, segundo o jornal "Correio Braziliense", um primeiro pagamento no valor de R$ 122 mil foi feito em setembro de 2006, seguido de quatro parcelas mensais de R$ 80 mil. Ainda haveria seis parcelas trimestrais de R$ 773 mil. A última venceria em 30 de abril de 2008.

Executivos do banco mineiro BMG não quiseram comentar ontem o assunto. O banco se restringiu a divulgar uma nota de dois parágrafos redigida pelo departamento jurídico, na qual confirma que, após as penhoras executadas no curso da ação de cobrança, foi procurado pelo PT. As "tratativas para uma composição", diz o texto, tiveram início no dia 6 de julho e foram concluídas em agosto do ano passado. De acordo com o BMG, os executados reconheceram o débito devidamente atualizado para pagamento parcelado, conforme foi homologado nos autos do processo.

A exposição negativa do BMG causou muitos transtornos para os executivos do banco mineiro, que foram convocados para prestar esclarecimentos em várias instâncias, além da CPI, mas não prejudicou os negócios da instituição financeira. Mesmo em 2005, quando veio à tona o escândalo do mensalão, o banco conseguiu fechar o balanço com lucro, apesar de ter provisionado as perdas com os empréstimos para o PT e para Marcos Valério. O banco continua como um dos líderes na concessão de crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS. Num momento em que outros bancos falam em declínio do crédito com desconto em folha, os executivos do BMG costumam dizer que não têm nada a reclamar.