Título: Exportações de algodão batem recorde nesta safra
Autor: Scaramuzzo, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 18/07/2007, Agronegócios, p. B12

As exportações brasileiras de algodão da safra 2006/07 serão recordes. A colheita da pluma, de uma produção de 1,45 milhão de toneladas, já está na metade e, desse total, cerca de 600 mil toneladas estão comprometidas com o mercado externo - com uma receita estimada em US$ 765 milhões (considerando os preços médios de exportação dos últimos 12 meses). Para a safra 2007/08, cujo plantio começa a partir de novembro, as vendas externas seguem em ritmo avançado e devem superar os números do atual ciclo. Até ontem, 525 mil toneladas já tinham registros para o exterior na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).

Quarto maior exportador mundial, o Brasil está competindo de igual para igual com os EUA, que sinalizam reduzir a área plantada. De líquido importador nos anos 90, os produtores brasileiros já exportam algodão para mais de 60 países, tendo a Ásia como principal destino.

Com o consumo no mercado interno estagnado, em torno de 800 mil toneladas/ano, os produtores têm apostado mais nas exportações. Para a safra 2008/09, há 280 mil toneladas comprometidas e outras 57 mil toneladas negociadas para 2009/10.

Também favoreceram as exportações, os leilões de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) realizados pelo governo. Esse instrumento é usado para garantir um preço mínimo aos produtores nos momentos de baixa do mercado. Através dele, é feita a equalização entre o preço de mercado e o preço mínimo.

Na sexta-feira passada, representantes da cadeia do algodão pediram ao governo para antecipar os leilões de Pepro para o fim deste terceiro trimestre. Segundo Sérgio De Marco, presidente da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) e da Câmara Setorial do Algodão, essa medida garante capital de giro ao setor, que "está prejudicado com a constante desvalorização do dólar".

Apesar do aumento dos preços do algodão na bolsa de Nova York, a queda do dólar ante o real inibe os investimentos em aumento de área. Nos últimos doze meses, os preços em Nova York se valorizaram en 24,5%. Ontem, os contratos para dezembro fecharam a 65,70 centavos de dólar por libra-peso. Os contratos futuros da pluma sinalizam preços acima de 70 centavos. "Mas para compensar o plantio, os preços teriam de ficar acima de 80 centavos de dólar", diz De Marco.

Por conta dessas incertezas sobre os preços, os produtores de algodão ainda estão em dúvida sobre aumentar ou não a área plantada para 2007/08. Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) mostram que a colheita nesta safra deve ficar em cerca de 1,45 milhão de toneladas. Se confirmadas as estimativas, será um crescimento de 40% sobre 2005/06. Para 2007/08, a expectativa é de que a área se mantenha em 1,09 milhão de hectares e a produção nos patamares atuais.

O oeste baiano, principal região produtora do Estado, é a única região do país, até o momento, que se dispõe a aumentar a área plantada. "A Bahia é o único Estado que tem aumentado a área plantada ininterruptamente nos últimos anos", afirma Lucílio Alves, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

As regiões de Luís Eduardo Magalhães e Barreiras viraram reduto de produtores de algodão e estão atraindo americanos. Segundo João Carlos Jacobsen Rodrigues, diretor da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), há quatro produtores americanos plantando na região e outros estrangeiros sondando a área. Nesta safra, o plantio cresceu 33%, para 282 mil hectares, e deve aumentar 5% em 2007/08. , "Boa parte da nossa produção é voltada para exportação", afirma Jacobsen.