Título: Empresas boicotam Congonhas e não usam o aeroporto com chuva
Autor: Maia, Samantha
Fonte: Valor Econômico, 24/07/2007, Brasil, p. A3

As grandes empresa aéreas decidiram ontem, de forma organizada, não utilizar o aeroporto de Congonhas por causa da chuva, mesmo com a pista auxiliar liberada pela Infraero. Os poucos vôos não cancelados foram direcionados aos aeroportos de Guarulhos, de Campinas (Viracopos), e do Rio (Tom Jobim, ex-Galeão). Sem aviões pousando em Congonhas, as partidas foram afetadas no principal ponto de conexão de vôos do país. A Infraero indicava que, às 20h, dos 244 vôos que deveriam partir de Congonhas, 162 haviam sido cancelados. O número de cancelamentos foi menor em outros aeroportos paulistas, apesar da chuva ter atingido Guarulhos e Campinas.

Segundo a Gol, até às 17h, 42 vôos com destino a Congonhas foram cancelados, oito foram alterados para Guarulhos, três para Viracopos, e um para o Tom Jobim. Até o mesmo horário, a Varig também havia cancelado 42 vôos, e desviado cinco vôos. De manhã, dois vôos da TAM, que iriam para Curitiba e para Porto Alegre, chegaram a pousar em Congonhas, mas às 14h30, a empresa já havia cancelado 64 vôos e direcionado oito para Guarulhos e três para Viracopos.

A pista auxiliar de Congonhas foi interditada em três momentos durante a manhã e o início da tarde de ontem, sendo liberada a partir das 13h17. Às 18h houve nova interdição por meia hora. A assessoria da Gol e da Varig diz que houve um consenso das empresas de que não havia segurança para usar a pista auxiliar devido ao mau tempo, e por isso suspenderam todos os vôos de Congonhas por tempo indeterminado.

Ontem à noite, a TAM anunciou o cancelamento de 68 vôos previstos para decolar hoje de Congonhas). Outros 22 serão desviados para Cumbica . A empresa atribui os cancelamentos à previsão de chuva para hoje.

Congonhas conta apenas com a pista auxiliar em operação desde o dia 17, quando ocorreu o acidente com o Airbus da TAM e a pista principal foi fechada. A principal não deverá ser reaberta hoje, como era previsto, pois, segundo o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, os trabalhos de análise da Polícia Federal atrasaram. A pista está com buracos por causa da retirada de provas e a chuva pesada não permite reparação. Não há previsão de quando ela será liberada, mas a Infraero decidiu que, mesmo reaberta, o o uso será restrito a dias sem chuva.

No domingo, a TAM já havia orientado seus pilotos a usarem a pista principal apenas em tempo seco. A empresa, porém, também possui restrições ao uso da pista auxiliar. Por ser mais curta, ela não permite que as aeronaves da TAM pousem se estiverem cheias, pois o peso dificulta o avião parar percorrendo o espaço menor.

"Se a nossa área de operações, se os chefes de equipamento sentem que eles têm uma necessidade maior de segurança, nós estamos respeitando os nossos tripulantes", argumentou o presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, sobre a decisão das empresas de não pousar em Congonhas com pista molhada. Ele participou, ontem, de cerimônia ecumênica com os familiares das vítimas. A decisão de evitar Congonhas deixou as salas de embarque e o saguão lotados de passageiros sem informações e previsões de horários para os vôos. (Com Agência Brasil)