Título: Setor têxtil diverge sobre impacto de aumento de tarifa
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 25/07/2007, Brasil, p. A2

Tecelagens, importadores e confecções divergem sobre qual será o impacto do aumento da alíquota de importação de tecidos de 18% para 30%. Caso a medida entre em vigor, as tecelagens argumentam que o peso do tecido no custo do vestuário subirá apenas 2%. Já os importadores e as confecções contestam os cálculos e afirmam que os preços do vestuário sofrerão um reajuste de pelo menos 7,5%.

Segundo estudo elaborado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), devido à maior tarifa de importação, o custo médio do tecido adquirido no exterior ao ser internalizado no Brasil (após a incidência de impostos) subirá de R$ 11,7 por quilo para R$ 12,9, o que significa uma alta de 9,8%.

A entidade calculou também que o preço médio do vestuário está hoje em R$ 52 por quilo. A base para os dados são as exportações brasileiras de confecções, excluindo cama, mesa e banho. Para Domingos Mosca, coordenador da área internacional da Abit, esse dados representam o vestuário competitivo, que enfrenta a concorrência externa.

Conforme a Abit, o peso do tecido no preço do vestuário crescerá de 22,5% para 24,7%, após a alta da alíquota de importação de tecidos de 18% para 30%. Isso significa um aumento de 2,2% do peso do tecido para o custo do vestuário. "A elevação da tarifa onera o importador, mas não o vestuário. Para as confecções, o aumento de custo será insignificante", afirma Mosca.

"Isso é um absurdo. O impacto no vestuário será total", reage José Marcos de Oliveira, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Matérias-Primas Têxteis (Abitex).

Para Roberto Chadad, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Vestuário (Abravest), "quanto mais popular o produto, maior será o peso do tecido", já que o valor agregado pela confecção com mão-de-obra e design é menor. Produtos como camisetas, blusas de malha e saias contínuas, que utilizam menos mão-e-obra, tendem a possuir ruma elevada participação de matéria-prima em seu custo.

Os importadores e as confecções contestam os números da Abit. Depois de pagos os impostos para internalizar os tecidos, o preço médio do quilo hoje sobe de R$ 7,8 para R$ 12,6. Neste cálculo, o ICMS é de 18%, - a taxa no porto de Santos -, e os cálculos dos demais impostos levam em conta os efeitos em cascata. Com o aumento da alíquota de importação para 30%, o custo do quilo iria para R$ 13,8.

Para importadores e as confecções, o preço de vestuário usado pela Abit não é o melhor parâmetro, porque as exportações representam só 2,8% da demanda final. Com base nas tabelas de consumo intermediário e valor adicionado das contas nacionais do IBGE de 2004, o valor dos insumos têxteis (tecelagem e malha) é de R$ 10,8 bilhões por ano. O valor da produção do setor têxtil é de R$ 25 bilhões. Nesse caso, os tecidos representam 43,5% do valor de produção do setor.