Título: Airbus bateu em prédio a 175 km/h, diz Aeronáutica
Autor: Campassi, Roberta e Adachi, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 25/07/2007, Brasil, p. A4

O chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa) da Aeronáutica, brigadeiro Jorge Kersul Filho, informou ontem que o jato A320 que fazia o vôo 3054 colidiu de lado com o prédio da TAM Express a uma velocidade de 175 quilômetros por hora. Trata-se, aproximadamente, da mesma velocidade com que a aeronave pousou no aeroporto de Congonhas.

Kersul disse que tanto a aproximação final do A320 quanto o toque na pista ocorreram "em velocidade normal" - entre 200 e 280 quilômetros por hora, segundo especialistas. Ele prometeu a conclusão das investigações em dez meses - no caso do acidente com o Boeing 737-800 da Gol, o prazo é um ano e termina no fim de setembro. Os técnicos da Aeronáutica devem chegar ao Brasil, com todas as degravações das caixas-pretas, na sexta-feira.

Para o chefe do Cenipa, os parlamentares da CPI não devem ter nenhum acesso aos dados da investigação. Segundo ele, o Brasil é signatário da Convenção de Chicago e, em seu anexo 13, há uma determinação expressa de que as informações fiquem restritas à comissão investigadora.

O brigadeiro ressaltou que a investigação da Polícia Federal limita-se a questões relativas à pista - por exemplo, se foi ou não liberada indevidamente. Mas alertou sobre "prejuízos à prevenção de acidentes no país" caso informações sobre o acidente em si sejam repassadas à PF ou à CPI.

Segundo ele, toda investigação depende de depoimentos, que vêm em boa parte de voluntários. No Cenipa, seus depoimentos não são identificados. Se houver compartilhamento de dados, diz o brigadeiro, os depoentes serão desestimulados a falar porque podem acabar se auto-incriminar. "No futuro, pode ser que não tenhamos a ajuda de mais ninguém", concluiu.

O diretor do Decea, brigadeiro Ramon Cardoso, responsável pelo tráfego aéreo, confirmou que a pane do Cindacta-4 (Manaus), na madrugada de sábado, ocorreu por falha humana. Um técnico demorou duas horas para trocar a bateria que fornece energia ao sistema de radares e de rádio.