Título: Anac lista três locais para novo aeroporto
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 25/07/2007, Brasil, p. A7

Os municípios paulistas de Itapecerica da Serra, Franco da Rocha e Jundiaí estão entre as possíveis localizações do novo aeroporto a ser construído em São Paulo. Embora a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, tenha dado tratamento sigiloso a essa informação, o diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, já havia revelado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo da Câmara regiões cogitadas para a instalação do novo terminal.

"Determinamos a construção de um novo aeroporto. Jamais diríamos onde será a construção para não sermos fator de especulação imobiliária. Não sabemos onde será, e, se soubéssemos, não diríamos", disse a ministra, no dia 20 de julho, quando anunciou as medidas do governo para tentar desafogar o aeroporto de Congonhas.

Em depoimento à CPI no dia 24 de maio, Zuanazzi falou abertamente da possibilidade de construção do novo aeroporto. "Tem várias propostas, sobretudo de um novo aeroporto, ou em Itapecerica, ou em Franco da Rocha, ou em Jundiaí. Com certeza, em São Paulo", disse o diretor-presidente da Anac. A medida seria o que Zuanazzi classificou como "medidas de fundo" para melhorar a caótica situação da aviação civil da capital paulista.

O diretor-presidente da Anac aventou também a construção de um trem-bala para fazer a ligação de São Paulo ao aeroporto de Viracopos, em Campinas. Outra medida seria a reforma do aeroporto de Ribeirão Preto e a construção de uma nova pista no pequeno Campo de Marte, na capital, para onde seriam redirecionados todos os vôos executivos de pequeno porte.

No depoimento, Zuanazzi afirmou que o fechamento completo de Congonhas, como pede o Ministério Público de São Paulo, "seria um caos para o Brasil". Para ele, não haveria como os aeroportos de Guarulhos e Viracopos (Campinas) absorverem os 18 milhões de passageiros de Congonhas.

Emergencialmente, na opinião de Zuanazzi, Guarulhos só poderia receber de 3 a 4 milhões de passageiros a mais. O aeroporto já recebe 15 milhões de passageiros/ano. Viracopos poderia receber, no máximo, mais 1 milhão de passageiros. Zuanazzi lembrou que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê a construção de um terceiro terminal no aeroporto de Guarulhos. "A obra ampliaria Guarulhos em 20 milhões de passageiros. Poderíamos chegar a 35 milhões de passageiros por ano no aeroporto", disse.

No depoimento à CPI da Câmara, Zuanazzi já tentava se defender das informações de que a Anac teria liberado uma quantidade exagerada de vôos para Congonhas e para os demais aeroportos brasileiros. "De 2006 para cá, houve aumento de 1.888 vôos autorizados para 1,9 mil. Subiu somente 12 vôos - não é isso que pode ter impactado os céus brasileiros", afirmou.

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), relator da CPI do Apagão Aéreo do Senado, não acredita na versão de Zuanazzi e investiga o assunto. "Se forem constatados excessos na liberação dos vôos, vamos passar as informações para o Tribunal de Contas da União e para a Polícia Federal tomarem as medidas cabíveis", disse o parlamentar.