Título: Rossano Maranhão é o mais cotado para a Infraero
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 26/07/2007, Política, p. A8

O economista Rossano Maranhão, ex-presidente do Banco do Brasil e atualmente no Banco Safra, é o nome mais cotado para assumir o comando da Infraero no lugar do brigadeiro José Carlos Pereira. Fontes do Palácio do Planalto confirmaram que Rossano foi sondado e colocou-se à disposição do governo. Outros nomes que chegaram a ser ventilados foram o de Demian Fiocca, ex-BNDES, e do brigadeiro Jorge Godinho Nery, ex-diretor-geral do Departamento de Aviação Civil.

O novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ter recebido carta branca do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos bastidores, entretanto, Lula deixou claro que quer um executivo de mercado. Para o presidente, a empresa precisa dar um salto em sua governança corporativa, especialmente num momento em que fará abertura de capital.

Jobim prometeu uma definição para o cargo até o fim de semana. "Se mudanças houver, e pelas circunstâncias deve haver, não serão partidarizadas", decretou o novo ministro. Lula ainda avalia a conveniência de dar a Pereira um lugar de destaque no governo. Antes da queda do Airbus da TAM, o brigadeiro era cotado para assumir a chefia do Gabinete de Segurança Institucional, que controla os serviços de inteligência, área em que Pereira, militar da reserva, era especialista quando estava na ativa. Mas os sinais não teriam sido renovados após o acidente.

O fato é que quem entrar na Infraero precisará lidar com uma salada de indicações partidárias e uma diretoria esfacelada. Nos últimos meses, foram afastados os diretores de Finanças e Comercial, que respondiam a auditorias da Controladoria-Geral da União. Na próxima reunião do conselho de administração da estatal, agora presidido por Jobim, deverá ser analisado o afastamento de outros dois diretores: Eleuza Santos Lores (Engenharia) e Marco Antônio Marques Oliveira (Administração).

Eleuza, que comanda as principais obras da Infraero, pode ser afastada por causa das auditorias preliminares feitas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Levada ao cargo em 2003, por indicação do PTB, Eleuza tinha sinal verde do ex-presidente da Infraero Carlos Wilson, ex-PTB e hoje no PT, para elaborar projetos de obras e negociar com as empreiteiras. Oliveira, ligado ao ex-presidente Itamar Franco, tem ligações com o PMDB. Responde a sindicância interna e na CGU.

O conselho de administração da Infraero ia analisar um possível afastamento dos dois diretores na última reunião prevista, em maio. Os encontros são mensais, mas o de maio não aconteceu e o conselho não foi mais reconvocado. A remuneração mensal dos diretores e do presidente da Infraero, segundo a própria empresa, é de R$ 18.661.

Nos últimos quatro anos, não apenas cargos de diretoria, mas superintendentes de áreas e regionais passaram pelos partidos. É o caso, por exemplo, do superintendente regional de SP, Edgard Brandão Jr., ligado ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia. Brandão responde pelo maior orçamento regional da Infraero, bem como por Congonhas e Cumbica.