Título: Anac negocia com empresas a revisão da malha
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 27/07/2007, Brasil, p. A5

As companhias aéreas terão que submeter à aprovação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) as decisões que tomarem sobre as mudanças na malha área do país. O diretor de operações da Infraero, Rogerio Barzellay, disse que caberá às empresas encontrar a melhor forma de reestruturação e que a Infraero colocará à disposição toda a infra-estrutura da estatal para que as companhias a utilizem conforme a viabilidade de mercado. A Anac deu prazo de 60 dias para que seja acertada a malha aérea transitória.

Barzellay se reuniu ontem com representantes da Gol, TAM, Ocean Air, BRA e Variglog para apresentar as possibilidade de utilização dos três aeroportos administrados pela estatal em São Paulo: Viracopos, Guarulhos e São José dos Campos.

O diretor da Infraero explicou que, no horário de pico, o aeroporto de Guarulhos, considerado alternativa ao aeroporto de Congonhas, não tem como receber mais vôos. Fora das horas mais movimentadas - entre 7h e 10h e entre 21h e 23h -, o aeroporto consegue absorver até 30% a mais de aeronaves. O acréscimo corresponde a mais 30 vôos por hora.

O aeroporto de Viracopos também cotado para receber parte da demanda do aeroporto paulistano, e que já recebe 4 vôos de passageiros/hora, poderia absorver até mais seis aeronaves a cada 60 minutos. O aeroporto Professor Urbano Ernesto Stumpf, de São José dos Campos, no Vale do Paraíba tem capacidade para receber apenas mais um vôo por hora.

De acordo com a Infraero, a empresa Pantanal não deve sair do aeroporto de Congonhas. A empresa opera com aviões menores, tem poucos vôos e quase todos com tempo de viagem inferior a duas horas, atendendo, portanto, às determinações da Anac.

O governo estima que a demanda a ser retirada de Congonhas seja entre 5 e 6 milhões de passageiros ao ano. Guarulhos conseguiria abrigar 4 milhões de passageiros a mais. Viracopos, em Campinas, abrigaria 1,5 milhão de passageiros extras, mas especialistas têm dúvidas em relação à viabilidade imediata de Guarulhos como alternativa, e apontam o risco do aeroporto concentrar vôos e passar a apresentar os mesmos problemas de Congonhas.

Ontem, no Rio, os diretores da Anac Denise Abreu e Jorge Veloso, se reuniram com técnicos do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) para discutir a implementação das resoluções do Conselho de Aviação Civil (Conac) referentes ao aeroporto de Congonhas, assim como a reorganização da malha aérea do país. A reunião durou a tarde inteira e continua hoje.

O movimento de passageiros no aeroporto de Guarulhos, ontem à tarde era intenso, mas não havia registro de tumultos. As filas de check-in eram grandes, principalmente nos guichês da TAM e da Gol, mas as cenas de tumultos dos últimos dias não se repetiram. Onze vôos foram desviados de Congonhas para Guarulhos até o meio-dia.

Dos 1.380 vôos previstos para decolar nos aeroportos brasileiros ontem entre zero hora e 17h, 262 (20%) ficaram atrasados e 165 (12,6%) foram cancelados. Em termos percentuais, os maiores atrasos foram registrados no aeroporto de Recife (36%), onde apenas um vôo foi cancelado. Em Fortaleza, os atrasos atingiram 35,9% dos vôos, mas não houve cancelamentos.

No aeroporto Tom Jobim (Galeão), no Rio, dos 122 vôos previstos, 30 atrasaram (24,5%) e 15 foram cancelados (12,3%). No aeroporto de Congonhas, onde o número de vôos foi restringido, dos 178 vôos previstos, três atrasaram e 69 (38,7%) foram cancelados. Em Guarulhos, para onde os vôos foram desviados, dos 146 vôos que deveriam partir do aeroporto, 35 atrasaram (23,9%) e três foram cancelados (2%). (Agências noticiosas)