Título: Multimercados perdem para o CDI no ano
Autor: Flavia Lima
Fonte: Valor Econômico, 18/01/2005, EU &, p. D4

Os fundos multimercados começaram 2005 com a pior performance entre as carteiras de renda fixa. Isso após encerrar o ano passado justamente na ponta oposta, como os únicos fundos da categoria renda fixa a superar o CDI, em alta de 16,4%. Segundo levantamento feito pelo site Fortuna, os multimercados registraram ganho de 0,28% na semana passada, ante alta de 0,32% do CDI. Em igual período, os fundos DI e curto prazo subiram 0,31%. Logo atrás, com retorno de 0,29%, ficaram a renda fixa tradicional e os fundos de previdência - grupo que tradicionalmente apresenta rendimento inferior às carteiras de renda fixa. Em janeiro, a diferença entre os multimercados e o CDI é ainda maior. No mês, a rentabilidade das carteiras é de 0,42%, ante alta de 0,58% do referencial. Os fundos DI sobem 0,57%, seguidos pelos curto prazo, em alta de 0,55%, e pela renda fixa, com ganho de 0,54%. No período, os fundos de previdência registram alta de 0,42%. Segundo Mirela Rappaport, da gestora InvestPort, boa parte dos gestores de fundos mistos começou o ano otimista com relação aos mercados, o que afetou negativamente o desempenho das aplicações. No ano, a bolsa acumula queda de 5,31%, enquanto o dólar sobe 1,76%. "As carteiras apostavam na continuidade do cenário de alta da bolsa e de queda do câmbio e, de maneira geral, sofreram com a reversão do começo do ano", diz. Em 2004, a bolsa subiu 17,8% e o dólar perdeu 8,6%. Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset Management, concorda. "Os gestores viraram o ano em posições favoráveis à bolsa e contrárias ao câmbio, esperando o famoso 'efeito janeiro'", diz Póvoa, em referência ao período em que o mercado tenderia a ficar mais positivo. Segundo ele, a ata do Federal Reserve (Fed), sinalizando uma nova alta para os juros americanos, teve peso decisivo no cenário adverso. Ainda assim, Mirela diz que os gestores dos multimercados não se desfizeram de suas posições. "É por isso que em dias em que a bolsa melhora um pouquinho os fundos vão bem e vice-versa." Em termos de captação, os fundos curto prazo seguem com excelente desempenho, o que demonstra que parte dos investidores não se abalou com a tributação menos favorável dessas aplicações, válida a partir de 1º janeiro. Na última semana o setor captou R$ 2,205 bilhões, bem à frente dos R$ 1,164 bilhão e dos R$ 702 milhões recebidos pela renda fixa e pelos DIs, respectivamente. Em janeiro, a categoria também lidera, com R$ 2,874 bilhões em recursos novos. Na renda variável, os fundos de ações atraíram R$ 54 milhões na semana - R$ 124 milhões no mês. No período, o setor recuperou parte dos ganhos, em alta de 0,99%, ante avanço de 1,8% do Ibovespa. Em janeiro, entretanto, a queda é de 3,49%, ante baixa de 5,31% do referencial. Já os cambiais encerraram a semana no vermelho, com saldo negativo de R$ 10 milhões e queda de 0,75%. No período, o dólar caiu 0,72%. Em janeiro, porém, o fluxo é positivo em R$ 11 milhões, com valorização de 1,38%, ante alta de 1,76% do dólar comercial. Em janeiro, o setor de fundos capta cerca de R$ 5 bilhões, puxados pelo varejo, que registra captação de R$ 4,395 bilhões.