Título: Dívida pública sobe R$ 100 bi no semestre
Autor: Ribeiro, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 27/07/2007, Finanças, p. C5

A emissão de novos títulos públicos e a incidência dos juros sobre o total do estoque desses papéis em poder do mercado fez com que a dívida pública interna subisse mais de R$ 100 bilhões no primeiro semestre do ano. O total desses papéis em circulação somavam ao final do mês passado R$ 1,198 trilhão, um aumento de 9,6% em relação a dezembro (R$ 1,093 trilhão). Na comparação com o mês anterior, a variação foi de 2,1% (R$ 1,173 trilhão).

A elevação entre e maio e junho decorre, principalmente, da emissão líquida (volume de títulos novos no mercado superior aos resgatados) no total de R$ 13,9 bilhões. Já a apropriação de juros foi responsável por uma elevação de R$ 11,1 bilhões.

O valor está dentro do programado no PAF (Plano Anual de Financiamento), que prevê dívida interna entre R$ 1,230 trilhão e R$ 1,300 trilhão neste ano. Já a dívida pública total, que inclui também a externa, passou de R$ 1,299 trilhão em maio para R$ 1,325 trilhão em junho, aumento de 2%. Na comparação com dezembro, o crescimento no ano é de 7,1%.

A parcela da dívida que é prefixada passou de 37,02% do total em maio para 38,71% em junho. O objetivo do governo é aumentar a participação desses títulos no estoque da dívida, já que acredita que é importante dar previsibilidade aos pagamentos - saber antes o quanto irá gastar no vencimento de cada papel.

A dívida indexada a índices de preços subiu de 22,94% para 23,88% no mês passado. Já a chamada dívida pós-fixada, que é atrelada a taxa Selic, caiu de 40% em maio para 37,6% em junho.

Essa exposição leva em conta as operações de "swap". Em teoria, quanto menor a dívida pós-fixada, melhor para o governo, que reduz a parcela da dívida que é menos previsível. Sem considerar as operações de "swap", a dívida pública pós-fixada subiu em junho para 38,71% do total, contra 37,02% do mês anterior. A dívida interna corrigida pela taxa de câmbio estava negativa em 2,34% em maio e no mês passado passou para 2,48%. A participação negativa significa que o governo tem créditos a receber em dólar.

O Tesouro Nacional anunciou também que recomprou nos seis primeiros meses do ano R$ 7 bilhões em títulos da dívida externa que estavam na mão de investidores, o equivalente a US$ 3,4 bilhões. Essa recompra representa apenas o valor de face desses papéis. O desembolso financeiro total (que inclui os juros) chegou a R$ 9,3 bilhões (US$ 4,5 bilhões). O maior desembolso foi registrado no segundo bimestre (R$ 4,706 bilhões). Em maio e junho, o desembolso financeiro totalizou R$ 3,054 bilhões.

De acordo com o Tesouro, o programa de recompra terá impacto até 2040 e, com o resgate, a redução no fluxo de pagamentos é de R$ 12,5 bilhões, ou US$ 6,5 bilhões (incluindo principal e juros). Apesar de parte da recompra ter sido efetuado em junho, esses títulos ainda não foram cancelados e por isso ainda não há impacto na dívida pública externa. Essa dívida apresentou em junho um aumento de 0,84% em relação a maio e totaliza R$ 126,44 bilhões.