Título: Crédito, renda maior e juros estimulam o varejo
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 30/07/2007, Brasil, p. A3

Maior oferta de crédito, aumento da renda do consumidor e redução dos juros são os principais fatores apontados por varejistas como determinantes para o bom primeiro semestre que o setor viveu. Eles ainda esperam um segundo semestre mais aquecido, já que, tradicionalmente, as vendas nesse período são maiores, graças às festas do fim de ano.

No Rio, a Leader, maior rede varejista do Estado, registrou um crescimento de 15% nas vendas de janeiro a junho deste ano, com destaque para os segmentos de vestuário feminino, vestuário infantil e de calçados, segundo informou Rogério Macedo, presidente da empresa. "Este aumento está sendo empurrado, sem dúvidas, pelo crédito, porque percebemos um retorno imediato do nosso plano de dez vezes vezes no cartão Leader", disse Macedo. Para o segundo semestre, ele espera novo crescimento de 15%, sem considerar as novas lojas que estão sendo abertas em Minas Gerais e Pernambuco.

No comércio por internet, o clima também é de otimismo. O portal Comprafacil.com, do grupo Hermes, faturou R$ 100 milhões no primeiro semestre, mais do que o dobro (130%) dos R$ 44 milhões do primeiro semestre de 2006. O crescimento do Comprafacil.com foi maior do que os 53% do e-commerce no país. Para o segundo semestre, Gustavo Bach, diretor de marketing do grupo, espera um faturamento de R$ 200 milhões.

Na Lojas Cem, o faturamento no primeiro semestre cresceu 8% em relação ao mesmo período do ano passado. A expectativa é de um segundo semestre ainda melhor, diz o supervisor-geral, Valdemir Colleone. Ele espera fechar o ano com uma alta de pelo menos 10% no faturamento, um ritmo mais forte do que os 7% de 2006. Colleone diz que o desempenho das vendas neste ano é bom, embora abaixo do crescimento de 15% que ele esperava no começo do ano. "Mas esse número era mais um desejo do que uma previsão." Colleone diz, porém, que nem tudo é perfeito. A inadimplência está na casa de 5%, nível que se mantém há vários meses. Nessa categoria, ele inclui os créditos que não têm mais esperança de recuperar. O ideal, de acordo com Colleone, é que a inadimplência não supere 3%.

No Rio Grande do Sul, até o caos aéreo, que inibe as viagens para outros Estados, e o frio rigoroso dos últimos meses, têm ajudado o crescimento das vendas locais. Segundo o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), Vilson Noer, o aumento, em Porto Alegre, foi de 3,67% no semestre. Também houve redução da inadimplência (atrasos superiores a 180 dias) de 12,25% nos seis primeiros meses de 2006 para 10,38%. "Voltamos aos patamares de 2005, o que sinaliza um bom segundo semestre, porque uma parcela maior do 13º salário dos consumidores estará disponível para o consumo", explica. Nos supermercados, as vendas subiram cerca de 7%, diz o presidente da Agas, que reúne as empresas do setor, Antônio Cesa Longo. Para a CDL, haverá uma expansão de até 5% nas vendas este ano, maior índice dos últimos três anos.

Em Pernambuco, o varejo também sentiu a expansão das vendas. A Jurandir Pires notou um crescimento de 32% do faturamento do primeiro semestre na comparação com o mesmo período de 2006. "O resultado nos fez rever as projeções para o ano. De um aumento de 25% nas vendas, passamos a pensar em 30%", explica Fábio Pires, diretor-comercial da rede.

Em Santa Catarina, a rede de varejo Berlanda estima crescimento de 10% nas vendas neste ano em relação a 2006. No primeiro semestre, cresceu 5%, mas Gilmar Godoy, diretor-geral, acredita que será possível cumprir a meta, uma vez que o segundo semestre é mais forte que os primeiros seis meses. Godoy considerou bom o desempenho da rede no primeiro semestre.

No Paraná, o setor de supermercados teve crescimento real de 7,04% no semestre, segundo a Associação Paranaense de Supermercados (Apras), que se mostra otimista para o resto do ano. Márcio Pauliki, superintendente da MM Mercadomóveis, contou que registrou crescimento de 23% de janeiro a junho. Ele tinha como meta crescer 20%, mas as vendas no interior, puxadas pela produção agrícola, elevaram os números.