Título: EUA empurram preço em Nova York
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 30/07/2007, Empresas, p. B8
O crescimento da economia dos Estados Unidos no segundo trimestre deste ano empurrou o preço do petróleo mundo afora. Nem mesmo a informação de que as refinarias americanas aumentaram a produção recentemente, impediu que a commodity se aproximasse dos valores recordes registrados em 2006.
"O anúncio de um Produto Interno Bruto (PIB) maior nos Estados Unidos, superando a expectativa de analistas, renova a confiança no mercado e afasta temores como os vividos na semana passada", afirma Mike Fitzpatrick, vice-presidente do MF Global.
Na sexta-feira, na Bolsa Mercantil de Nova York, os contratos para setembro deste ano do produto do tipo WTI foram negociados a US$ 77,02, alta de US$ 2,07. E essa valorização fez com que o barril se aproximasse do valor máximo de US$ 77,03, registrado no mercado dos Estados Unidos em julho do ano passado.
Já na Bolsa Internacional do Petróleo de Londres, a commodity também não se comportou diferente. Tanto que os contratos também para setembro foram vendidos a US$ 76,26, o que significou um acréscimo de US$ 1,08. No pregão londrino, o recorde alcançado foi de US$ 78,30 em agosto do ano passado.
"O mercado está cada vez mais especulativo. Está suscetível a informações sobre crises e uso de refinarias, mas não se atrela às questões de estoques, que não são feitos da noite para o dia", avalia David Zylbersztajn, diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) no governo FHC e presidente da consultoria DZ .
Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), caminha na mesma direção. E diz que uma junção de fatores tem fomentado a alta da commodity no mundo.
"A alta demanda da China, que já é a segunda maior consumidora de petróleo do mundo, aliada ao forte consumo de gasolina no verão dos Estados Unidos impacta o dia-a-dia da commodity", afirma Pires. Os Estados Unidos são os maiores consumidores de petróleo do mundo, tanto que detêm 24% da demanda.
A preocupação, no entanto, não é apenas local. É mundial. O Fundo Monetário Internacional (FMI) chamou a atenção para o risco embutido na cotação do petróleo atualmente. E admite inclusive a chance de uma espiral de alta.
Mas as preocupações não param por aí. Para boa parte dos agentes do setor, o fato de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não se manifestar sobre as recentes altas, traz muitas incertezas. E não é uma manifestação pública que se espera, o que o mercado aguarda é que a entidade, responsável por 26% da produção mundial, aumente sua extração diária para combater e estabilizar os acréscimos.
Tanto é que já existe uma pressão em cima da entidade. Espera-se um incremento de produção.
"Atualmente, existe pelo menos US$ 10, fruto da especulação, inserido no preço internacional do petróleo", afirma Adriano Pires. Para o diretor do CBIE, não há razões que expliquem o barril da commodity a valores superiores a US$ 65.
Outros analistas afirmam que ainda existirá uma forte volatilidade até setembro, quando termina o período de férias no Hemisfério Norte. Mas até lá o barril do petróleo continuará rondando os US$ 77. (Com agências internacionais)