Título: Ipea estima crescimento de 8,4% da indústria em 2004
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 20/01/2005, Brasil, p. A2

Em Nota de Conjuntura divulgada ontem, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que a produção industrial brasileira cresceu 1% em dezembro de 2004 em relação ao mês anterior, descontados os efeitos sazonais, e 9,3% na comparação com dezembro de 2003. Com isso, o crescimento da indústria brasileira teria fechado o ano em 8,4%, o maior desde 1986 (10,9%). A estimativa do Ipea para dezembro foi feita com base nos indicadores de desempenho dos setores de aço, papelão ondulado, veículos e energia elétrica (consumo). "A queda registrada em novembro (0,4% em relação a outubro) suscitou dúvidas sobre se a capacidade de crescimento da indústria havia se esgotado. Os dados iniciais de dezembro sugerem que não", disse o economista Estêvão Kopschitz, do Grupo de Acompanhamento Conjuntural (GAC) do Ipea. Segundo ele, os números sugerem um crescimento em ritmo menor, compatível com a previsão do Ipea segundo a qual a produção industrial crescerá em torno de 5% neste ano. Quando foi divulgada a produção industrial de novembro do ano passado, fazendo com que a soma dos primeiros 11 meses do ano resultasse em crescimento de 8,3%, o próprio IBGE, que normalmente evita fazer projeções, já havia concluído que dificilmente o resultado do ano não deixaria de ser o maior desde 1986. A discussão hoje é quanto à sustentabilidade do crescimento de 2004. "Já tivemos crescimento forte e sustentado na década de 70, mas com endividamento externo. O ajuste dos anos 80 foi o preço pago", disse Kopschitz. Para ele, ainda que sustentados por endividamento e pela forte presença estatal, os investimentos naquela época eram bem maiores que os cerca de 19% do Produto Interno Bruto (PIB) registrados nos últimos dez anos. Ainda que estimando que a taxa de investimentos chegou a 20% do PIB em 2004 e chegará a 21% em 2005, ele pondera que para a indústria e a economia se manterem crescendo em ritmo forte é necessário que a taxa seja maior.