Título: Oposição tenta ampliar prazo da CPI do Apagão Aéreo em 60 dias
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 31/07/2007, Política, p. A6

A oposição vai pedir hoje a prorrogação da CPI do Apagão Aéreo. O acidente com o avião da TAM, ocorrido há duas semanas no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, reforçou a intenção de PSDB e DEM de ampliar o período de funcionamento da comissão por mais 60 dias. Se aprovado o requerimento, de autoria do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), o prazo de encerramento dos trabalhos da CPI seria prolongado de 31 de agosto, como previsto, para 31 de outubro.

"Se alguém tinha dúvidas da necessidade de investigarmos mais a fundo na questão do sistema aéreo, o novo acidente tira essas dúvidas", diz Otávio Leite. Com a tragédia, a CPI abandonou o cronograma pré-estabelecido pelo relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), no dia 8 de maio. O petista havia dividido a CPI em cinco partes, nas quais investiria em diferentes temas da crise aérea.

Nos últimos dias, no entanto, os deputados se debruçaram sobre as causas do novo acidente e a comissão saiu do planejado. "Temos muito ainda para investigar. E a CPI é um instrumento legítimo, que facilita o acesso a dados e informações importantes", afirma Otávio Leite.

Segundo o cronograma feito por Marco Maia, a CPI deveria ter investigado, de 25 de junho a 15 de julho, problemas referentes à organização e à regulação do mercado do setor aéreo. Com exceção de um ou outro depoimento de dirigentes das companhias, nada foi aprofundado sobre o tema. No dia 2 de agosto, a comissão deveria começar a analisar a verdadeira situação da infra-estrutura do sistema aéreo nacional.

Com o acidente da TAM, essas questões terão de esperar. Um Airbus da empresa tentou pousar na pista principal de Congonhas e, por motivos ainda desconhecidos, atravessou a pista e chocou-se com o prédio da TAM Express, que fica fora do aeroporto. Morreram cerca de 200 pessoas, entre tripulantes, passageiros e funcionários da TAM Express.

O foco da comissão passou a ser os esclarecimentos da tragédia. Nessa semana, por exemplo, há cinco depoimentos agendados. Hoje, serão ouvidos o superintendente de Empreendimentos de Engenharia da Infraero, Armando Schneider Filho, e o presidente da Infraero, José Carlos Pereira.

Na quarta-feira, a comissão ouvirá o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Juniti Saito. No dia seguinte, mais depoimentos. Estarão presentes na comissão de inquérito o presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, e o representante da Airbus no Brasil, Mário Sampaio.

O deputado Vic Pires Franco (DEM-PA) é o autor do requerimento de convocação de Bologna. O parlamentar disse que a empresa precisa esclarecer a existência de um defeito na aeronave que se acidentou. O avião voava com o reverso da turbina direita com problemas.

Sampaio, representante da Airbus, terá de responder sobre o reverso, mas também deverá receber perguntas sobre o comunicado enviado pela empresa a todos os usuários de seus aviões depois do acidente. No texto, a Airbus reiterava a forma correta de uso do manete do modelo A-320 para a aterrissagem. Uma das suspeitas sobre as causas do acidente levam a crer que um erro do piloto ao utilizar o equipamento pode ter contribuído para a tragédia.