Título: Aeronáutica inspeciona aeroporto de Jundiaí
Autor: Maia, Samantha
Fonte: Valor Econômico, 01/08/2007, Brasil, p. A4

A aeronáutica está estudando na área do aeroporto de Jundiaí, a 60 quilômetros da capital, para verificar qual a viabilidade de uso do local. A vistoria começou na segunda-feira e deve terminar na sexta. Hoje, Jundiaí recebe apenas pequenos aviões executivos, privados e de empresas de táxi aéreo. Cerca de 120 aeronaves passam todos os dias pela pista de 1.400 metros de comprimento, menor que a pista auxiliar de Congonhas, com 1.435 metros. Essa conta inclui as arremetidas realizadas pelos aviões do aeroclube localizado ao lado do aeroporto.

Apesar de a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ter publicado ontem determinação para transferência imediata de todos os jatos executivos e aeronaves de táxi aéreo de Congonhas para Jundiaí, a administração do aeroporto disse que não houve nenhum comunicado oficial, e que por enquanto o movimento continua normal. A intenção da Anac é viabilizar a migração da maior parte da aviação geral (que exclui os vôos comerciais) para Jundiaí até o fim do ano.

Segundo a assessoria de imprensa do Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp), órgão responsável pela administração, manutenção e investimentos no aeroporto, é preciso saber primeiro os resultados do levantamento da Anac sobre a capacidade de uma maior utilização da área. Hoje não é preciso pedir autorização para utilizar a pista de Jundiaí. A aeronave só necessita avisar que irá pousar e receberá orientação. Segundo a administração do aeroporto, apenas uma empresa de táxi aéreo opera hoje em Jundiaí, a JAD Táxi Aéreo. A companhia foi procurada pela reportagem mas não deu retorno para entrevista.

Congonhas recebeu durante o mês de junho 3.031 vôos executivos, entre pousos e decolagens, segundo dados da Infraero. Transferir essa cota para Jundiaí quase dobraria o movimento atual do aeroporto, que é próximo a 3.500 vôos mensais.

Carlos Eduardo Moreira, engenheiro da Aeronáutica que acompanhava a equipe de estudo em Jundiaí, diz que o trabalho por enquanto está limitado a um levantamento topográfico do espaço do aeroporto e de seus arredores, e indicar quais são as mudanças necessárias para instalação de outros equipamentos aeroportuários, caso seja necessário. "Não estamos prevendo nenhuma expansão no momento, nosso trabalho é coletar dados", diz. Esses dados serão entregues no fim da semana ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), da Aeronáutica, com sede no Rio, que deverá fazer uma avaliação.

Não há muito movimento no pequeno Aeroporto Estadual Comandante Rolim Adolfo Amaro, rodeado de vias de tráfego rápido, fábricas e terrenos abertos. Com um edifício térreo que reúne o centro de administração, a recepção e um restaurante, ele passa longe da correria dos aeroportos de vôos comerciais de São Paulo. Uma dezena de funcionários ocupam o local num dia caracterizado como "movimentado" por um deles devido à visita da Aeronáutica. "Hoje o dia está uma loucura", diz.

O movimento de usuário também é tímido. Além de um casal que visitava o aeroporto para que seu filho pequeno pudesse ver os aviões, havia apenas o consultor de empresas Maurício Carvalho D'Amico no fim da tarde de ontem. Ele leva seu avião monomotor com freqüência à Jundiaí, por causa de uma oficina de manutenção instalada no local. Outro galpão de manutenção existente ali é da companhia aérea TAM.

D'Amico aprova o local devido à facilidade de acesso - saída direto da Rodovia dos Bandeirantes pelo quilômetro 59 - e às condições de visão para o vôos. Segundo ele, lá é uma das regiões que ficam abertas por mais tempo, sem neblina, durante o ano. "Muitas vezes o tempo fecha e as pistas na cidade de São Paulo ficam impróprias para pousos, enquanto em Jundiaí o tempo fica normal", diz D'Amico. Segundo ele, para aviação executiva, o aeroporto é "excelente". "E é tranqüilo voltar para São Paulo, utilizando a Rodovia dos Bandeirantes. Melhor que pegar trânsito para chegar ao aeroporto Campo de Marte", diz ele, citando outro exemplo do destino de aeronaves particulares, o aeroporto localizado na Zona Norte da capital paulista.

No entanto, ele avalia que será complicado para a aviação comercial, com suas grandes aeronaves, utilizar Jundiaí . Segundo ele, os morros próximos ao aeroporto, com altura perto de 350 metros, impedem a operação de aeronaves de grande porte, observação que foi confirmada por um funcionário do aeroporto.