Título: Estado fecha com dívida de R$ 2,36 bi
Autor: Thiago Vitale Jayme e Janaina Vilella
Fonte: Valor Econômico, 20/01/2005, Brasil, p. A3

O governo do Estado do Rio de Janeiro encerrou o exercício de 2004 com uma dívida pendente de curto prazo da ordem de R$ 2,36 bilhões com fornecedores, credores, além de precatórios judiciais, apesar de ter fechado as contas com um superávit orçamentário de R$ 91 milhões. Segundo o Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem), quase a metade do dinheiro (R$ 1,1 bilhão) refere-se a débitos do ano passado com os fornecedores e credores. Outros R$ 806,5 milhões dizem respeito ao ressarcimento de servidores e contribuintes que entraram com ações na Justiça contra o governo. A governadora Rosinha Matheus (PMDB) ainda transferiu para este ano R$ 458 milhões referentes a restos a pagar de administrações anteriores. Só a ex-governadora Benedita da Silva deixou uma fatura de R$ 247 milhões para ser quitada por Rosinha, em seu primeiro ano à frente do Palácio Guanabara. Mas até agora, o governo tem postergado o pagamento desse resíduo. O secretário de Finanças do Estado do Rio, Henrique Bellúcio, explicou que o Rio arrecadou o suficiente, em 2004, (R$ 27,6 bilhões) para "pagar todo mundo e ainda conseguiu deixar dinheiro em caixa". "Usei as receitas de 2004 para resolver obrigações de anos anteriores. É normal um governo transferir para o ano seguinte os seus restos a pagar. Em 2003, quitei os restos de 2002 e assim farei nesse ano", disse Bellúcio. Ao ser questionado sobre o motivo pelo qual o Estado ainda não pagou aos fornecedores, já que tem dinheiro em caixa, Bellúcio afirmou que pretende honrar os débitos usando os recursos da Conta B, criada em 1998 para viabilizar o leilão do banco estadual do Rio de Janeiro. O saldo da conta, hoje em R$ 1,5 bilhão, ficou reservado para ressarcir o novo controlador do Banerj pelo pagamento de indenizações judiciais, em processos contra o banco estadual, que viessem a ser perdidas depois da privatização. O Estado pede ao governo a liberação do dinheiro, mas até agora a União não se pronunciou.(JV)