Título: PT convoca movimentos sociais para a defesa do presidente
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 01/08/2007, Internacional, p. A6

Com vistas às eleições de 2008 e 2010, a oposição "subiu o tom" nos ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e prepara uma nova ofensiva contra o governo federal. Esta é a avaliação feita pela Executiva do PT sobre a conjuntura política e o desgaste do governo no enfrentamento da crise no setor aéreo. Para enfrentar o avanço " da direita", a direção do partido convocou os movimentos sociais, os partidos de esquerda e a CUT para defender o presidente Lula.

No documento divulgado ontem pela Executiva do PT, após quase um dia inteiro de reuniões, o partido afirma que "fará um esforço para que estas organizações construam e implementem uma plataforma mínima de atuação frente aos ataques da oposição de direita", combinada com medidas que devem ser propostas ao governo. O partido apóia no documento a iniciativa da CUT de realizar em 15 de agosto um Dia Nacional de Mobilização na defesa dos direitos e conquistas dos trabalhadores.

O dirigente Renato Simões, ligado aos movimentos sociais, afirmou que o partido fará uma contra-ofensiva aos ataques: "Aquilo que o PT viveu em 2004 e 2005 pode continuar se não fizermos um contra-ataque", declarou Simões. "Temos de recompor as iniciativas políticas do partido na relação do PT com o governo federal e com os partidos de esquerda que compõe conosco; com a militância e com os movimentos sociais", disse.

A cúpula petista analisa que a oposição começou a dar sinais de que fará uma nova ofensiva, parecida com a que houve em 2005, com a denúncia de um suposto mensalão. As primeiras indicações, diz o comando da legenda, foram feitas na votação da reforma política, quando o PSDB votou contra os principais pontos defendidos pelos petistas, como o financiamento público de campanha e o voto em lista (apesar de os tucanos apoiaram esses pontos em seu programa). Depois, vieram as vaias contra Lula na abertura dos jogos Panamericanos, no Rio de Janeiro, e a "exploração política", dizem os petistas, do acidente com o avião da TAM que levou à morte 199 pessoas.

"A oposição recorre à manipulação e à mentira para desgastar o governo, o presidente e o PT. Esta é a conexão e o sentido comum existente entre diversos acontecimentos que marcaram o país nos últimos 60 dias", analisam no documento. A íntegra pode ser acessada no endereço www.pt.org.br.

Como estratégia para enfrentar as críticas da oposição, o PT propõe que a retomada da discussão do modelo de agências reguladoras. Dessa forma, pretendem vincular os problemas nas agências ao " fracassado modelo tucano de agências regulatórias. "Quem é que inventou esse modelo regulatório com agência? Foi o PSDB. Isso foi inventado durante o governo Fernando Henrique", destacou o dirigente Valter Pomar.

Apesar da ofensiva contra a oposição, o PT reconhece que o governo federal falhou na administração do setor aéreo. Segundo os dirigentes, o partido alertou o governo federal dos problemas, mas não foi ouvido. " É importante recordar que, desde pelo menos o final de 2006, o PT já indicava ao governo a necessidade de construir de fato e de direito o ministério da Defesa. Desde então, as recomendações do partido não foram consideradas devidamente", diz o texto divulgado ontem.

Como solução à crise aérea, o PT defende o aumento do investimento público em infra-estrutura, a fiscalização efetiva sobre as empresas aéreas e a desmilitarização do controle do tráfego. Os dirigentes pedem o fortalecimento do Ministério da Defesa, apesar de não demonstrarem apoio público ao novo ministro, Nelson Jobim.

A nomeação de Jobim foi apenas registrada pela Executiva partidária no documento oficial. Entretanto, dirigentes não deixaram de mostrar seu descontentamento com Jobim, ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso e político próximo ao PSDB. "Um ministro no nosso governo tem de ter um vínculo com o programa que saiu vitorioso nas urnas em 2006, e é obvio que Jobim tem vínculo muito forte com Fernando Henrique e outras figuras importantes do PSDB", criticou Valter Pomar.