Título: Indústria quer formandos prontos para o mercado
Autor: Ana Cláudia Landi e Robinson Borges
Fonte: Valor Econômico, 20/01/2005, Especial, p. A10

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) credita à reforma do ensino superior o sucesso do crescimento econômico do país. Sem as mudanças defendidas por ela, afirma a entidade, o Brasil corre o risco de ver comprometido todo o seu esforço de desenvolvimento. "Precisamos de mão-de-obra qualificada e realmente preparada para o mercado de trabalho. Isso não ocorre hoje. Os jovens saem das universidades totalmente alheios à prática do dia-a-dia. Eles têm conhecimentos teóricos, mas nunca viram uma máquina na vida. Também nunca enfrentaram situações semelhantes às reais", afirma Carlos Cavalcante, superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), órgão ligado à CNI, responsável pelo anteprojeto de reforma da confederação, enviado ao ministro da Educação, Tarso Genro. Essa discrepância entre a teoria e a prática é, segundo os industriais, o principal problema do ensino superior. "A reforma deve dar prioridade a isso."

Na proposta de reforma que apresentou, a CNI defende uma maior aproximação entre indústria e universidade, como saída para corrigir a falta de visão prática dos recém-formados. Esse processo ocorreria por meio de convênios, bolsas e estágios. "Podemos incentivar as indústrias a contratar estagiários e recém-formados." Para Cavalcante, a universidade teria ainda que dar destaque aos aspectos práticos e técnicos das carreiras de exatas ou em administração. "Queremos a revisão de currículos, a ampliação do acesso à educação superior, a diminuição dos desequilíbrios regionais e a criação de novos cursos." Segundo ele, a formação da cultura brasileira favoreceu a criação de institutos voltados às ciências humanas. "São áreas importantíssimas, sem dúvida. Mas é hora de investir nos cursos como engenharia e nas mais variadas formas de tecnologia." De acordo com Cavalcante, todos têm a ganhar com a aproximação universidade-setor produtivo. "Na França por exemplo, profissionais de empresas ajudam a manter as universidades atualizadas." (ACL e RB)