Título: Usinas tiram 1,05 bilhão de toneladas dos altos-fornos
Autor: Ivo Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 20/01/2005, Empresas &, p. B6

Pela primeira vez na história da indústria do aço, as siderúrgicas de todo o mundo superaram no ano passado a marca de 1 bilhão de toneladas de aço bruto obtidas em um período de 12 meses. Segundo resultado divulgado ontem pelo International Iron and Steel Institute-IISI (que em português significa Instituto Internacional do Ferro e Aço), o volume atingiu precisamente 1,050 bilhão de toneladas. Esse volume é 8,8% superior ao alcançado em 2003, de 968,3 milhões de toneladas, também um número recorde no setor. Esse desempenho das siderúrgicas têm por trás o fator China. O país, que vêm numa escala de crescimento contínuo há mais de uma década, cresceu 23,2% no ano passado. Dos altos-fornos das centenas de altos-fornos e fornos elétricos de suas usinas foram despejados 272,5 milhões de toneladas de aço bruto -25,8% de tudo que se produziu no mundo.

A escalada da China ganhou mais fôlego a partir de 2001, quando o país deu um salto de 24 milhões de toneladas - o equivalente à produção de todo o Brasil - sobre 1999. Não parou: em 2002 cresceu outras 31 milhões de toneladas; em 2003 mais 38 milhões e no ano passado 52 milhões de toneladas. A promessa de desaceleração da economia chinesa pelo alto comando do governo em meados do ano passado não inibiu a indústria local do aço. A produção mensal continuou crescendo em níveis superiores a 20%. Em dezembro, foi além: as usinas locais produziram 26,5 milhões de toneladas, com aumento de 33,1% sobre o mesmo mês de 2003. A região asiática, incluindo o tradicional Japão, foi responsável por 499,3 milhões de toneladas em 2004 - o correspondente a 47,5% do total mundial. De acordo com o IISI, a performance mundial foi também puxada por outras regiões. Ao se excluir os números da China, observa-se um crescimento de 4,5%, bem acima dos 2% a 3% de média que o setor conseguia em anos anteriores. O índice alcançado pelos 25 países da União Européia foi de 6,2% em dezembro. No ano, a Turquia cresceu 11,9% e chegou a 20,5 milhões de toneladas. Com isso, o país saltou para 12º lugar no ranking mundial. Na mão inversa, a Alemanha cresceu 3,6% e a Rússia, 2,5%. A Itália (10ª da lista) aumentou 5,6%. O Brasil, que subiu um degrau no ranking mundial do ano passado, passando a Índia, produziu 32,9 milhões de toneladas. As usinas brasileiras, lideradas por Usiminas, CSN, Cosipa, CST, Belgo-Mineira e grupo Gerdau, operaram à plena capacidade: tiveram crescimento de 5,7%. Segundo análises internacionais, de instituições como a reconhecida World Steel Dynamics, a China continuará sua escalada de expansão nos próximos anos. A expectativa é que supere facilmente a marca de 300 milhões de toneladas em 2005. O Brasil poderá neste ano agregar mais 1 milhão e com novos projetos, chegar a 47 milhões em 2010.