Título: Braskem cobra postura mais firme da estatal
Autor: Capela, Maurício e Balarin, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 06/08/2007, Empresas, p. B1

Surpresa, a Braskem, a maior petroquímica privada do país, cobra uma posição mais firme da Petrobras após a estatal ter comprado a Suzano Petroquímica. "O importante é que a Petrobras explicite o seu papel no processo de consolidação da petroquímica brasileira", disse ao Valor o presidente da Braskem, José Carlos Grubisich. "Como previsto, a liderança cabe ao setor privado. Espero que não seja uma posição com o objetivo de reestatização do setor." Ele espera que a estatal decida logo conversar com os parceiros privados.

A indústria petroquímica brasileira nasceu no fim dos anos 60 por meio do modelo tripartite, com a associação de capitais privado, estrangeiro e estatal. Nos anos 90, o setor foi privatizado, porém as participações acionárias das empresas ficaram fragmentadas.

Com a criação da Braskem em 2002, o setor começou um ciclo de consolidação. A empresa do grupo Odebrecht passou a controlar os principais ativos petroquímicos no Nordeste e no Sul. Esta última posição foi garantida depois da compra dos ativos petroquímicos do grupo Ipiranga em março em sociedade com a Petrobras. A Braskem deve ficar com 60% do controle e a estatal, 40% dos ativos.

Na visão da Braskem, a aquisição da Suzano pela Petrobras mudou uma posição até então conhecida e praticada pela estatal. Em seu planejamento estratégico para até 2015, a Petrobras havia decidido manter uma posição como "minoritária relevante". Na interpretação dos analistas, a estatal teria um papel importante na gestão, porém não-controlador.

O presidente da Braskem cobra também uma política igualitária em relação aos insumos petroquímicos. A Petrobras atua como principal fornecedora de matéria-prima às centrais e empresas petroquímicas do país. "A Petrobras terá de fixar uma política de isonomia que garanta a competição no fornecimento de nafta, propeno", afirmou Grubisich.

O executivo destacou também que espera uma manifestação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a venda da Suzano. (AV)