Título: Diversificado, grupo nasceu de fábrica de móveis
Autor: Mandl, Carolina
Fonte: Valor Econômico, 06/08/2007, Finanças, p. C1
O grupo mexicano Salinas, conglomerado que fatura quase US$ 5 bilhões por ano, que vende de geladeiras a planos de previdência, nasceu em 1906 a partir de uma pequena fábrica de móveis criada por Ricardo Salinas Westrup.
Aos poucos, a família Salinas decidiu aumentar o leque. Nos anos 50, por exemplo, passou a produzir rádios e televisores, que eram vendidos de porta a porta. Já naquela época, os Salinas trabalhavam com um sistema de crédito. A primeira loja Elektra surgiu em 1957.
Com a desvalorização do peso em relação ao dólar nos anos 70, a Elektra suspendeu o modelo de vendas a prazo, que a tinha tornado conhecida e popular no México. Só dez anos depois é que o parcelamento foi retomado.
Os resultados obtidos com as vendas de móveis, eletrônicos e eletrodomésticos para as classes mais populares animaram o grupo Salinas a criar outros negócios voltados para esse mesmo público.
É o caso da rede de televisão Azteca, oriunda da privatização da TV Imevisión em 1993. A empresa produz telenovelas, distribuídas para mais de cem países. A TV Azteca também deu origem à Azteca America, cadeia de televisão voltada para o público hispano-americano que vive nos Estados Unidos.
O grupo Salinas também investiu em telefonia celular por meio da Iusacell, segmentada para a baixa renda, e da Unefon. Neste momento, avalia-se a fusão das duas companhias, o que pode levar à criação da segunda maior empresa de telefonia móvel do México.
A maior companhia do grupo Salinas é a Elektra, braço de varejo e produtos financeiros que abrirá suas primeiras lojas no Brasil neste ano. Em 2006, ela foi responsável por US$ 3,2 bilhões dos R$ 5 bilhões que o grupo Salinas faturou. A maior parte dessa receita - 55% - veio da venda de eletrodomésticos, motos, aparelhos de linha branca e móveis. O restante foi gerado pelas operações financeiras.
Criado para expandir as atividades financeiras das lojas, o banco Azteca, segundo relatório da Elektra, encerrou em 2006 seu quarto ano de atividades com operações bastante dinâmicas, com crescimento de dois dígitos na receita.
A expansão do grupo para áreas além do varejo e do crédito se deu sob o comando de Ricardo B. Salinas Pliego. Bisneto do fundador, o executivo trabalha para a empresa da família desde 1987. Em seu currículo, carrega a fama de ter diversificado a atuação dos Salinas para além do varejo e do crédito.
Ricardo Salinas também tem em seu histórico uma investigação por parte da Securities and Exchange Commission (SEC, regulador o mercado de capitais americano) por supostas fraudes na TV Azteca. O empresário foi acusado em 2005 de embolsar US$ 109 milhões à custa dos minoritários. Em junho daquele ano, o grupo optou por cancelar suas ações nos EUA.
Salinas fez acordo, pagou multa à SEC e ficou proibido de participar da administração de companhias listadas nos Estados Unidos. (CM)