Título: Embarque de carne rende US$ 2,5 bi
Autor: Alda do Amaral Rocha
Fonte: Valor Econômico, 20/01/2005, Agronegócio, p. B10
O Brasil se firmou como o maior exportador mundial de carne bovina em volume no ano passado, com embarques de 1,939 milhão de toneladas, um crescimento de 42,31% sobre 2003, segundo a Abiec (reúne os exportadores de carne bovina). A receita com as vendas alcançou US$ 2,525 bilhões, alta de 62,35% ante 2003. Mesmo com o embargo da Rússia às carnes brasileiras a partir de setembro de 2004, o país foi o principal cliente da carne bovina nacional, segundo a Abiec. As vendas ao mercado russo cresceram 84,6% em volume sobre 2003, para 227 mil toneladas. O crescimento da receita foi mais expressivo: 138,3%, para US$ 239,1 milhões. Conforme Antônio Camardelli, diretor da Abiec, as vendas de carne bovina não foram afetadas porque a Rússia permitiu embarques de produto proveniente de animais abatidos até 20 de setembro de 2004. Como havia rumores sobre o embargo, as empresas conseguiram se estocar para atender a demanda russa, explicou. Uma fonte do setor disse que os embarques de carne não caíram porque o embargo russo não se aplicou a contratos feitos até 20 de setembro. O embargo russo só foi levantado para Santa Catarina e perdura em outros estados. A perspectiva, segundo o presidente da Abiec, Pratini de Moraes, é que os volumes para a Rússia diminuam até fevereiro por conta do inverno no país. E devem voltar a crescer a partir de março. A Rússia também foi um dos países para onde os volumes embarcados de carne in natura mais cresceram. O maior destaque foi a Argélia, que comprou 353% mais que em 2003: 56,8 mil toneladas, segundo Pratini de Moraes. "O desafio agora é aumentar o valor agregado das exportações e consolidar a marca Brazilian Beef", afirmou, evitando estimativas. Uma das iniciativas para reforçar a presença da carne brasileira no exterior está sendo negociada com o Carrefour, segundo Pratini. Arnaldo Eijsink, diretor de agronegócios da rede francesa, confirmou que Abiec e frigoríficos negociam a participação no evento "Ano do Brasil na França", promovendo degustações de picanha no Carrefour na França. Pratini de Moraes informou ainda que os chineses já começaram a procurar pela carne bovina brasileira nos últimos dias. A procura é reflexo da visita de uma missão técnica chinesa no Brasil para certificar frigoríficos para exportar carne bovina e de frango à China. A China também é um dos alvos do Paraguai, que ontem recuperou, junto à Organização Internacional de Epizootias (OIE), o status de livre de aftosa com vacinação, perdido em outubro de 2002, após o surgimento de um foco de aftosa em Canindeyú. O Paraguai pretende negociar ainda com o Japão, país que pode voltar a comprar carne bovina dos EUA no verão, segundo a agência Kiodo News. As vendas foram suspensas há um ano, devido ao caso de "vaca louca" nos EUA. (Com Reuters e Dow Jones Newswires)