Título: Planalto avança na escolha do 2º escalão
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 02/08/2007, Política, p. A10

O secretário de Cultura do Rio, Luiz Paulo Conde, foi convidado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser o novo presidente de Furnas. Conde, que é afilhado político do ex-governador fluminense Anthony Garotinho e do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou, após o encontro, que seu nome ainda deverá ser aprovado pelo Conselho de Administração da Estatal, uma medida meramente formal. E que Lula pediu a ele que aja com um gestor, colaborando com a aceleração das obras do PAC.

A confirmação de Conde é apenas uma das nomeações de indicados por partidos aliados que serão promovidas pelo Planalto nos próximos dias. "Todo governo tem que nomear. As conversas estão adiantadas e praticamente não existem mais arestas a serem aparadas nos Estados", confirmou o ministro da coordenação política, Walfrido dos Mares Guia.

Guia afirmou que, conversando com os líderes partidários e os representantes estaduais das legendas, existem pelo menos 10 estados onde não há mais dúvidas dos nomes que ocuparão as vagas regionais. "Dá muito mais trabalho definir os nomes nos estados do que escolher um indicado para uma diretoria de banco ou de estatal federal", afirmou.

Além dos líderes, Guia promoveu também conversas com pelos menos dez ministérios que ainda precisavam definir seus representantes regionais, para traçar um mapa das pendências ainda existentes. Lembrou ainda que muitos dos cargos não precisaram ser alterados, já que os titulares acabaram sendo reconduzidos. "Isso sai no Diário Oficial todo o dia, os partidos podem acompanhar online. Não há nenhum mistério".

Mas a pressa do Planalto coincide com a retomada dos trabalhos no Congresso. A própria indicação do Conde foi um afago do governo a Cunha, relator da emenda constitucional da DRU e da CPMF na CCJ da Câmara. Outros pleitos partidários poderiam representar um incêndio na bancada governista, incluindo ameaças de boicote a votações importantes. "É correto, essa demanda poderia ter sido resolvida há oito meses. Resolver agora passa a imagem de que estamos buscando compensações", confirmou um petista.

Mas, segundo relato de assessores presidenciais, Walfrido afirmou ao presidente que seria fundamental que as nomeações fossem aceleradas porque o governo precisa ser ágil no Congresso. Segundo o mesmo assessor, Lula teria dado o sinal verde. "Pode tocar. Esse foi um compromisso firmado por nós com os nossos aliados". Walfrido nega o pedido explícito, mas reconhece que "cabe a ele levar ao presidente os pedidos dos partidos aliados".

O líder do PP na Câmara, Mário Negromonte (BA) encontrou-se na manhã de ontem com Mares Guia e confirma que as "coisas estão praticamente acertadas". Os pedidos dos pepistas são as vagas do Ministério das Cidades nos Estados e a confirmação de que o diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, é da cota do PP. "Alguns pemedebistas falam que o Paulo Roberto é deles. Nós nunca dissemos que o Temporão era do PP. Só falam isso porque o Paulo Roberto é honesto e competente". Segundo Negromonte, Lula teria elogiado o diretor da Petrobras em um encontro com a presença da cúpula do PP e do então ministro da coordenação política, Tarso Genro. "Ele pode falar isso em público".

O líder do PR na Câmara, Luciano Castro (RR), não está tão animado assim e espera que, após a reunião do Conselho Político, marcada para hoje, o cenário possa ficar mais claro. "O presidente nos disse que indicaria o ex-governador do Ceará, Lúcio Alcântara, para algum cargo federal como cota pessoal. Até agora, nada". Outro impasse é a confirmação de Luiz Antonio Pagot, apadrinhado do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, para a presidência do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit).