Título: Vale do Rio Doce avança em novos projetos no exterior
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 02/08/2007, Empresas, p. B7

Dentro de sua estratégia de crescimento, a Vale do Rio Doce elegeu três novos projetos no exterior considerados pelo seu diretor presidente, Roger Agnelli, como relevantes para o futuro da companhia. Dois deles, o de fosfato no Peru e o de potássio na Argentina, são ligados ao agronegócio, e um outro, de exploração de urânio, em parceria com a holandesa Dioro, na Austrália, situa-se na área de energia.

Agnelli, ao falar do resultado da Vale no segundo trimestre, disse que o interesse da empresa pela exploração e produção de urânio mira o futuro da demanda por energia nuclear, que deverá crescer bastante até o final da década, acima do PIB mundial. Para ele, a importância da energia, inclusive a nuclear, para o crescimento do mundo é crucial e as alternativas são poucas.

O primeiro passo para entrar na área de urânio foi dado em 17 de julho, quando a Vale assinou com a empresa holandesa um acordo para explorar dois projetos no Oeste australiano, o de Kunderong e o Kennedy. A mineradora brasileira vai gastar 4 milhões de dólares australianos nos próximos quatro anos para ter 60% dos direitos de exploração.

Agnelli disse que pelo fato da empresa não poder pesquisar urânio no Brasil ("somos proibidos pela Constituição") e como acredita que esse mercado é importante e vai ficar cada dia mais demandado, onde tiver potencial do minério a Vale buscará. Ele informou que a companhia olha minas de urânio na África, na Austrália e em outros países para tentar se posicionar neste negócio, a ser ver interessante para os próximos anos.

No momento, os projetos de exploração na Austrália estão entrando numa fase de "começar a fazer furo" para ver se a Vale consegue implantar no futuro uma mina de urânio. "O consumo de urânio deverá crescer e quem tiver o produto acho que tem uma grande vantagem", destacou Agnelli.

O projeto de fosfato no Peru, nos depósitos de Bayóvar, com capacidade de produção média anual de 3,9 milhões de toneladas, e o de potássio na Argentina, na Patagônia, também estão ligados à produção de biocombustível. Os dois mercados, na visão de Agnelli, são bastante promissores e sua demanda deverá ser crescente nos próximos anos. Segundo ele, os projetos de etanol vão demandar novos tipos de fertilizantes.

O presidente da Vale disse que a empresa vai priorizar seus projetos orgânicos de mineração em todo o mundo. Destacou que a empresa dispões hoje de condições para continuar fazendo aquisições, mas só o fará em caso de retorno para o acionista, como foi o caso da Inco.

Sobre a Alcan, fabricante de alumínio canadense que a Vale manifestou interesse, mas foi alvo de oferta da Rio Tinto, Agnelli disse que "a Alcan pertence a Rio Tinto e não há nada a se fazer". Perguntado se estava "namorando" a Alcoa ele disse que "não". Negou também que tivesse feito alguma oferta pela companhia, mas garantiu que há interesse da Vale em fazer uma fundição de alumínio no exterior, em regiões de baixo preço de energia, como a África e a Arábia Saudita.

Ele informou ainda que a Vale firmou acordo definitivo com a siderúrgica chinesa Baosteel para construção de uma siderúrgica no Espírito Santo. Ele elogiou a presteza e interesse do governo capixaba e disse que não foi fechado o projeto no Maranhão porque as negociações foram muito lentas.