Título: Habitare e Klabin Segall fecham parceria em MG
Autor: Moreira, Ivana
Fonte: Valor Econômico, 02/08/2007, Empresas, p. B8

Construtoras de São Paulo começam a chegar na capital mineira, de olho num mercado que cresceu 66% no último ano. A Klabin Segall fechou parceria com a mineira Habitare e será uma das primeiras a desembarcar em Belo Horizonte para disputar o segmento super luxo.

Em abril, o último período divulgado, foram vendidos 271 apartamentos novos na cidade. Foi a melhor marca mensal desde outubro de 2002, segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas da Universidade Federal de Minas Gerais (IPEAD/UFMG).

A Habitare, que atua no mercado mineiro há duas décadas, recebeu propostas de outras duas construtoras paulistas além da Klabin Segall, o que demonstra o apetite das paulistas pelo mercado de Belo Horizonte. Segundo o presidente da construtora, Sebastião Sidney Soares, o plano é lançar o primeiro empreendimento da parceria até o fim do ano. "Estamos procurando o terreno", diz. Soares ainda não tem o projeto, mas informa que o valor geral de vendas (VGV) deste lançamento será de no mínimo R$ 30 milhões.

Segundo rumores no mercado mineiro, além da Klabin Segall, outras três construtoras paulistas já definiram sua entrada no mercado mineiro - uma delas em parceria com outra empresa local e duas de forma independente.

Para o dono da Habitare, a melhor estratégia para os "estrangeiros" é fazer parceria. "O consumidor mineiro é mais difícil que o paulista, é mais exigente com acabamentos, e mais desconfiado", diz. "É bom se associar com quem conhece bem esse mercado."

Com a segurança de quem conhece bem sua "praia", Soares diz que há muito potencial para crescer na capital mineira. Tanto que não pretende sair tão cedo para outros mercados. Entre janeiro e junho, a Habitare vendeu quase o dobro do que comercializou durante todo o ano passado, cerca de 250 imóveis. Com mais oito lançamentos previstos para o ano - fora a parceria com a Klabin Segall -, Soares espera chegar perto de R$ 100 milhões de valor geral de vendas (VGV) até o fim do ano.

A Habitare comercializa hoje apartamentos que custam, na planta, entre R$ 70 mil e R$ 300 mil. Sua estratégia, porém, é focar cada vez mais no segmento luxo, lançando empreendimentos mais sofisticados. A construtora acelerou seu crescimento, segundo o dono, depois da opção acertada de investir no Buritis, "uma Barra da Tijuca" em Belo Horizonte, como costuma definir.

No início da década, quando era possível encontrar lotes a R$ 45 por metro quadrado no Buritis, Soares investiu num grande banco de terrenos no bairro, o último da Zona Sul. Distante do centro - para o padrão dos mineiros - e com poucas alternativas de acessos viários, o bairro não estava entre as apostas das grandes construtoras. Era lugar de classe média baixa. Hoje, o público do bairro é outro. Grandes construtoras disputam lotes que custam até R$ 500 por metro quadrado. "Quando fui para o Buritis, passeavam Uno e Chevette pelas ruas. Agora, é BMW."

O grande sucesso no Buritis, de acordo com ele, foi o ponta-pé inicial para o surgimento de edifícios de luxo que a construtora está erguendo hoje em diferentes bairros da cidade. A empresa vende mais de 80% dos imóveis com financiamento próprio.